Lançada em 1972, esta foi provavelmente a bicicleta mais marcante da história da Caloi. Este era o meu “sonho de consumo” de quando garoto, na metade dos anos 70 . Porém a inflação da época, ao mesmo tempo em que adiava meus planos por anos, me mantinha “sempre atualizado” sobre os modelos de Caloi 10 deste período. Não me lembro muito bem dos modelos 72 e 73, porém me lembro do modelo 74 que possuia um adesivo grafado “Caloi Dez” (isso mesmo, “Dez” em vez de “10”), apesar da pouca idade que tinha na época.
Em 1975, os grafismos foram alterados e um novo modelo foi lançado, a Sportíssima. Esta vinha com um quadro de diferente geometria, mais “curto” e com diferenças em pequenos detalhes, como conduites para passagem do cabo do freio traseiro, além de vários componentes em alumínio e blocagem nas rodas. Uma excelente bicicleta, porém MUITO cara, custava quase o dobro do que a Caloi 10 “standard”, que para mim já era “suficientemente boa” pelo o que meu avô podia pagar. Ambas podiam vir em três tamanhos de quadros: 54, 56 e 58. Os adesivos desta fase (de 1975 a 1978) eram em minha opinião os mais bonitos. Nas fotos abaixo, podem ver os mesmos em minhas bicicletas desta época, uma recém-adquirida Sportíssima 1977 (quadro 54) e minha Caloi 10 1978 “velha de guerra” (quadro 58) comprada em 20/03/1978 e recuperada há quase 2 anos. As citadas diferenças de quadro aparecem nas fotos menores.
Em 1979, aconteceu em minha opinião a “Grande Restilização” da linha Caloi 10. Talvez pelo alto preço (e baixas vendas), a excelente Sportíssima foi retirada de linha. Porém a Caloi 10 “standard” recebeu várias melhorias vindas da finada Sportíssima: um quadro muito semelhante (exceto por não ter os conduites para passagem de cabos), blocagem nas rodas, caramanhola, etc. Porém ainda manteve a maioria dos componentes anteriores, mantendo ainda um preço razoável. Na tentativa de ganhar novos consumidores, lançaram também neste ano o modelo “Sprint 10”, que era uma versão mais barata da Caloi 10, porém com vários componentes nacionalizados: coroa Duque, “ferradura” de freio EM AÇO e pedais DE PLÁSTICO (sem comentários…). Ambas coexistiram até a a metade dos anos 80, sendo que a “Sprint” custava apenas um pouco mais do que a metade do preço da Caloi 10 “standard”. Os grafismos desta época (1979 a 1982) também são característicos, com apenas pequenas diferenças entre os anos: transparentes nas Caloi 10 “standard”, mostrando as letras, faixas e o “ciclista da Caloi” em dourado. As Sprint tinham os grafismos pintados na própria bicicleta.
Nesta época, a Caloi ainda lançou alguns modelos dignos de nota: a série especial “Caloi Racer”, usada por ciclistas iniciantes; a Caloi Jovem em modelos de 3, 5 e 10 marchas, que era uma “Caloi 10 reduzida” (se não me engano com aro 24); além da Caloi 15, que nada mais era do que a Caloi 10 “standard” com uma coroa extra, totalizando as 15 marchas. Esses modelos duraram apenas alguns anos.
Em 1983, novos grafismos – semelhante ao que hoje é vendido como “modelo genérico” em bicicletarias ou via Internet. Porém o original da Caloi é melhor acabado, como também era a pintura de fábrica neste período. O modelo “branco pérola” era muito bonito, porém nesta época a Caloi passou a usar componentes nacionalizados no modelo “starndard”. O selim “característico” foi substituído por um modelo em plástico rígido, sem forro e coberto apenas por uma capa de nylon. A qualidade já não era a mesma de antes…
Em 1985 foi lançada uma série especial “para ciclistas”, o modelo Triathlon. Não tinha “nada da Caloi”, ela era inteiramente importada e muito leve: quadro e garfo em cromo-molibdênio, pneus tubulares e componentes “profissionais” da época. Cor única, azul metálico (igual ao do “Voyage Los Angeles”). Grafismos pintados diretamente na bicicleta e uma bonita alavanca de mudanças que nunca vi em qualquer outro modelo, de qualquer fabricante – que em minha opinião, é a “marca registrada” da Triathlon. Ainda preservo a minha tal como veio de fábrica, exceto pelas pequenas “cicatrizes de guerra” de duas temporadas de competição, vários tombos e até um atropelamento. Até mesmo a fita original do guidon ainda está embaixo desta fita plástica.
De 1985 até 1990, apenas diferenças nos grafismos do modelo “standard” e a retirada do modelo “Sprint” – talvez porquê neste estágio a Caloi 10 já era praticamente 100% nacionalizada. Em 1990, ela foi retirada de linha e substituída pela Caloi 12, uma excelente bicicleta, que porém não teve vida muito longa. Talvez por não ser a mesma “carismática Caloi 10” de antes…
Quanto ao novo modelo recém-lançado, gostei do que vi. Penso que o público-alvo seja o mesmo daquele em que eu me incluia nos anos 70: sonha em se iniciar em competições – o que eventualmente alguns o farão – ou apenas “ter uma bicicleta parecida com o do ídolo”. Escutei muitas reclamações acerca da mesma: acabamento pobre, feia, etc… Porém os tempos são outros, e ficamos por muito tempo vendo apenas bicicletas profissionais sendo vendidas pelo preço de um olho ou de um rim no mercado brasileiro. A nova Caloi 10 não custa tanto e a qualidade dos componentes é “suficientemente boa” pelo preço da bicicleta, em minha opinião tornando a mesma ideal para o público a que se destina. Eu compraria uma se já não possuísse tantas bicicletas. Porém JAMAIS abrindo mão da Léia (minha Caloi 10 1978), da Chris (a Triathlon 1985) e da Laura (a Sportíssima 1977 que comprei há menos de um mês, ainda em fase de recuperação).
Dúvidas, sugestões, criticas: Cláudio Carlquist – [email protected]