Viva um sonho na trilha dos mitos e lendas
A Alemanha é um verdadeiro mundo de aventura. Um lugar amigo da natureza, fãs do bem estar, adoradores do sol, apreciadores da água e românticos apaixonados pela cultura. Oferece uma diversidade de atrações culturais e experiências que encantou a mim e minha super companheira de ciclo viagem a Renata Falzoni em 2008, quando realizamos uma cicloviagem exploratória a convite do Turismo Alemão e que a partir do ano seguinte passou a fazer parte do calendário de cicloviagens do Sampa Bikers. Foi uma maravilhosa cicloviagem entre impressionantes castelos de contos de fadas, sedutoras cidades em meio a cenários de uma natureza deslumbrante e completa pela calorosa recepção e uma hospitalidade que não há igual em nenhuma parte do mundo (nem no Brasil!) e principalmente o respeito não só ao cidadão, mas também o ciclista que tornou uma viagem memorável e com certeza podemos afirmar que é o melhor lugar do planeta para uma viagem de ciclo turismo. A Alemanha possui lugares para todos os tipos de ciclistas.
A Rota dos Castelos é uma rota tradicional que corre através do vale Neckar, da Francônia suíça, das montanhas Ficthtel e da Floresta Kaesrwald e que em 1994 foi estendida até a “Cidade Dourada” de Praga na República Tcheca.
Rota que vai da cidade imperial de Mannheim, com o castelo eleitoral barroco, até Schwetzingen e Heidelberg, de Rothenburg ob der Tauber, com sua pitoresca paisagem medieval, seguindo até Nurembergue, com Kaiserburg e Bamberg com a magnífica residência Neuer, até a cidade de Wagner, Bayreuth, com seus extravagantes edifícios dos margraves. Seguindo até as torres de Prague Burg, onde aglomerados formam as pequenas vielas do quarteirão histórico. O ciclista desfrutará de um fantástico panorama de mitos e lendas. Mais de 70 mansões, castelos e ruínas se alinham ao longo da Burgenstrasse (a rota dos Castelos). Os edifícios sobreviveram aos séculos e são memoriais aos imperadores, reis e príncipes, aos poetas e filósofos, aos barões e aos romances. Atualmente alguns deles servem como pontos de realização de teatros a céu aberto e de apresentação de concertos. Outros são habitados até os dias de hoje, pelos nobres descendentes de antigos proprietários ou são seus sucessores burgueses. Os museus convidam os visitantes a uma jornada de volta ao tempo e transmitem impressões do antigo modo de vida durante os tempos de paz e de guerra. Camas abobadas e cavaleiros com suas armaduras, terraços com vistas espetaculares, restaurantes românticos e aconchegantes pátios de castelos fazem parte da elegante hospitalidade das diversas mansões e castelos, hotéis e restaurantes, onde a atmosfera dos dias passados pode ser novamente vivenciada.
O início de nossa pedalada teve início na cidade de Heildeberg, de onde chegamos de trem desde o aeroporto de Frankfurt. Neste trecho de quase uma hora de trem, já ficamos impressionados com o tratamento e quantidade de pessoas de todos os tipos e faixas etárias que usam a bicicleta como meio de transporte alternativo. Já na bela cidade de Heildelberg fomos recepcionados por uma das responsáveis do turismo pela Rota dos Castelos, a Mônica Brass, que nos passou detalhadamente toda informação do trajeto que faríamos de bicicleta e todo apoio que teríamos durante o percurso. Depois seguimos juntamente com um simpático guia de turismo local, o Klaus Mombrei, que nos acompanhou em uma gostosa pedalada pelas principais atrações da cidade sempre com explicações divertidas e detalhadas da história, cultura e arquitetura dessa cidade que nos deixou saudades. À noite ainda tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais da culinária alemã, saboreando pratos como Flammkuchen (tipo uma pizza) e um delicioso Spätze.
Nosso segundo dia de pedal percorremos 60 quilômetros de Heidelberg até o Castelo de Hornberg, onde ficamos muitos bem hospedados. Que pedalada! Um caminho sinalizado todo por ciclovia, praticamente todo plano, exceto em nossa chegada ao castelo, pois os castelos normalmente eram construídos sempre no alto de algum morro. Hora atravessando pequenas cidades, cada um com seu castelo, com sua história. Hora atevessando florestas sempre ao longo do Rio Neckar. O que mais nos chamou a atenção neste dia foi à quantidade de pessoas viajando de bicicleta, muitas! E a grande maioria acima dos 50 anos. Os últimos dois quilômetros uma longa subida em meio a uma deslumbrante vista do vale do rio Neckar rodeadas por vinhedos até o Castelo de Hornberg, ponto final de nossa pedalada desse inesquecível dia.
Nosso terceiro dia, apesar de pouco trecho de pedalada, foi bastante intenso devido às diversas atrações que nos foram programadas pelo Turismo da Alemanha. Passar a noite em um castelo é algo que pode fazer nossa mente viajar no tempo, uma experiência muito interessante.
Após o reforçado café da manhã, percorremos os oito quilômetros que separaram o Castelo de Hornberg ao Castelo de Gutenberg. Lá fomos recebidos pelos membros da família que são proprietários há 17 gerações. Visitamos o museu que preserva peças de todos os tipos desde seu primeiro proprietário no ano de. Livros mobília, peças de tortura, armas, jóias, obras de arte, mapas… Este castelo nunca foi conquistado, sobreviveu a todas as batalhas por isso esse incrível acervo. Além disso, o local é também uma área que cuida das mais variadas espécies de aves, entre eles a Águia, presente no local, que é também motivo de uma bela apresentação onde ela pousa no protegido braço de um de seus treinadores.
De lá descemos o morro e pedalamos dez quilômetros até Bad Wimpfen, sempre por ciclovia, em grande parte no meio da mata, longe dos carros, um dos trechos dos mais belos que percorri até hoje. Nos encantamos com a beleza dessa cidade que é uma das mais belas e preservadas de toda a Alemanha. Logo na entrada da cidade a tivemos as boas vindas com silhueta impressionante de Bad Wimpfen com a Torre Azul, a Torre Vermelha, a Capela Imperial e as Arcadas e Staufener. Fomos recebidos por uma das representantes do turismo local, Ruth Jung, uma simpática alemã que fala aquele português com sotaque alemão, que nos mostrou toda a cidade, passeando por seus becos e ruas estreitas e nos transportou para outros tempos, com suas histórias relacionadas à idade média.
Dali eu e a Renata Falzoni de van até Schawäbisch Hall, infelizmente pulando alguns trechos, pois nosso tempo no país era curto e felizmente tínhamos outras rotas para conhecer, que foram incluidos posteriormente na cicloviagem no ano seguinte para o grupo do Sampa Bikers. Lá fomos recebidos por umas guias de turismo local, uma portuguesa residente na Alemanha desde os 11 anos de idade, a Srª Maria Cândio Muller, que nos mostrou todos os encantos de mais essa bela cidade Alemã.
Em nosso último dia de pedal pela Rota dos Castelos percorremos os 72 quilômetros entre Schwäbisch Hall até Rothenburg, sempre por ciclovia. As ciclovias cortam o país, com as mais variadas rotas, todas sinalizadas. O mais interessante é que as maiorias dessas ciclovias seguem por caminhos bem distantes dos carros, na grande maioria por dentro de propriedades rurais, particulares. Nesta rota em especial, são poucos os trechos que elas seguem ao lado de alguma estrada, mesmo que essa seja secundária. Em cada cidade por onde passamos descobrimos uma nova rota. Após 30 quilômetros chegamos em Langenburg, que tem como atração principal o Castelo de Langenburg, Museu de automóveis e Parque das Escadas. De lá seguimos para nosso destino final. Durante o trajeto um balão coloria o céu e um belo por do sol completava a beleza de nossa pedalada. Chegamos em Rothenburg quase anoitecendo, nos sentimos na idade média ao cruzar os portões de sua muralha. Nos restaurantes garçonetes com roupas antigas do tempo medieval. A noite um tour noturno com um guia da cidade vestido roupas medievais, simbolizando um antigo guarda noturno, contava a cada rua uma história, uma atração.
No dia seguinte finalizando nossa pedalada pela Rota dos Castelos, pedalamos em por todos os cantos da cidade, voltando ainda mais no tempo, conhecendo um pouco mais da história, cultura desse maravilhoso país que é um exemplo não só para o Brasil, mas todo o mundo que é a Alemanha. Dali seguimos para uma nova pedalada, agora pela Rota Romântica, só que aí é uma nova história que estaremos publicando em breve…
Onde Fica: Centro Sul da Alemanha
Quando ir: De Maio a Outubro
Como ir: A Lufthansa realiza vôos diariamente para Alemanha. O melhor caminho é via Frankfurt. Mais informações no site
Quem leva: O Sampa Bikers organiza para grupos fechados de no minimo 6 pessoas e máximo 10 pessoas para ciclistas que estão acostumados a pedalar distâncias em torno de 60 km em todo o tipo de terreno, clima e altimetria. Utilizamos somente bicicletas de verdade. Não trabalhamos com elétricas.
Para quem quer ir sozinho:
Para quem quiser fazer esta viagem com alforjes, levando sua própria bagagem, pode ir tranqüilo, pois essa é a forma mais utilizada pelos cicloturistas em todo o país. Em qualquer local é vendido mapa detalhado específicos, para quaisquer rotas de bicicleta. Tanto no asfalto quanto em Mountain Bike. Mais informações no site:
www.visitealemanha.com/A_Rota_dos_Castelos