Lake Tahoe, MTB Tours na Califórnia
Em 1998 o Sampa Bikers organizou nos Estados Uinidos sua terceira ciclo viagem internacional e segunda ciclo viagem para grupo, foi em Lake Tahoe, na Califórnia.. Talvez uma das ciclo viagens mais legais realizadas pelo clube até hoje.
A região de Lake Tahoe é uma das mais belas dos Estados Unidos e também um dos melhores locais para a prática dos mais variados tipos de esportes radicais, como ski , canoagem, rafting, wind surf , vela , ciclismo e principalmente o mountain bike. Durante o inverno o que predomina é o ski. Mas, basta chegar o verão , para que o principal programa passe a ser pedalar em cima de uma mountain bike através das dezenas de trilhas da região. O lago Tahoe está localizado ao norte da Califórnia, fazendo parte também do estado de Nevada.
Quando estivemos lá pedalamos durtante quatro dias , onde percorremos as principais trilhas da região. O local possui uma infra-estrutura muito boa para quem vai pedalar. Em todas as lojas de bicicletas é possível comprar mapas ou livros com todas as trilhas da região. Mais mesmo seguindo o mapa não é muito fácil , pois durante todo o caminho existe muitas bifurcações e em sua grande maioria sem indicações , tornando se fácil e se perder no local.
No primeiro dia, optamos por fazer um trilha leve, de “reconhecimento”, para nos familiarizarmos com o terreno de terra solta e arenosa, e sentir a região, que além de ser muito seca, fica a uma elevada altitude, ja que na margem do lago Tahoe é de 1.990 metros .
Como na época não havia google e as principais informações eram através de livros ou mapas que não eram encontrados no Brasil. Na verdade ficamos sabendo onde iriamos pedalar lá, após a compra de um mapa topográfico na véspera. Estumaos localizamos uma área toda cortada por estradas de terra e singletracks,. Saimos do hotel então em direção a Carmelian Bay, e subimos uma ruazinha que em menos de 500 metros nos levara diretamente para dentro da floresta.
Logo adiante, a ruazinha cruzou com uma estrada de terra, que estavamos procurando. Seguindo a estrada, fomos subindo, levemente mas sem um alívio, por entre pinheiros gigantes e as Aspen, que são árvores primas do nosso eucalipto. Mais alguns metros, e numa curva pudemos descortinar o lago Tahoe, do alto. Foi a primeira grande parada para tirar fotos, filmar algumas cenas e tambem para descansar, pois a subida não era mole.
Mais alguns metros, e cruzamos com um casal numa pickup fomos perguntar a eles se estávamos no caminho certo. Mas eles tambem não sabiam e estavam interessados em outro tipo de diversão. Sem ter outro jeito, seguimos subindo até encontrarmos uma estrada estreita e asfaltada, que não constava no nosso mapa.
Rsolvemos continuar subindo! Após cerca de 2,5 km chegamos a uma curva com uma vista espetacular – hora de recuperar as energias e mais uma sessão de fotos.
Seguindo adiante, a asfalto acabava e algumas pequenas placas indicavam que estavamos no meio de uma estaçao de ski, a Northstar at Tahoe, e aí então conseguimos nos localizar no mapa. Devíamos seguir um pouco mais a frente e virar à esquerda, em uma trilha que seguia para o lago Watson.
Como esta trilha era um delicioso downhill, os mais afoitos foram na frente, inclusive o Reinaldo que era nosso guia neste dia, e não perceberam que deviam virar na trilha correta. Conclusão: passamos batidos pelo lago. Estavamos novamente perdidos num emaranhado de trilhas que cruzavam a montanha.
Uma vez perdidos, resolvemos seguir a intuição e o bom senso: o lago Tahoe fica num fundo de vale, então todas as descidas levam diretamente para ele. E foi o que fizemos, seguindo as singletracks, até que chegamos à estrada asfaltada e concluimos nosso primeiro dia, com cerca de 32 km pedalados.
Logo que chegamos, parte do grupo foi visitar as principais lojas de bicicletas da região incluindo a Olympic Bike Shop, a maior delas. Assim que perceberam que éramos brasileiros nos contaram que o dono da loja , o Bill era casado com uma brasileira, a Valéria, e que falava um portugues perfeito! Afinal, naquele ano, fazia 20 anos que ele fechava sua loja no inverno (que lá dura 6 meses) e se mandava para o Brasil, para a Ilha Grande. Ele inclusive é um dos pioneiros do mountain bike lá. Foi ele inclusive que “descobriu” para o mtb a Great Tahoe Flume Trail, uma das trilhas mais fantásticas dos Estados Unidos. Muito simpático e feliz por ter um grupo de brasileiros visitando a região e comprando muito em sua loja ele se oferfeceu para nos guiar durante os dias seguintes de nossa viagem. Não poderia ter sido melhor !
The Flume Trail – No segundo dia, o Bill nos levou para explorar a The Great Tahoe Flume Trail, uma das trilhas mais bonitas e mais famosas de toda a América do Norte. Fomos de carro até o Spooner Lake, de onde tomamos a trilha que começa com uma subida longa e ininterrupta de 6 km e 500 metros de ganho de altitude. Naquele clima seco, com o sol forte batendo nas costas e o ar rarefeito da alta montanha, foi um grande sacrifício, mas que logo foi compensado com a chegada no lago Marlette, um lago grande e totalmente circundado pelas montanhas e pinheiros alpinos, de uma grande beleza e que transmite uma sensação de serenidade.
Descansamos e alguns até nadaram nas suas águas frias, e então partimos para percorrer a parte mais bela da trilha. Esta trilha acompanha uma antiga calha que foi construida para levar toras de madeira e água do alto da montanha para a cidade de Carson, no auge da corrida do ouro, no século passado.
Pedalávamos a mais de 300 metros de altura do lago Tahoe, em alguns momentos com menos de meio metro de largura para passar com a bike. É praticamente impossível pedalar direto nesta trilha, apesar de ser tecnicamente muito fácil, a cada poucos metros de pedalada, paravamos para tirar fotos e admirar a paisagem, que é indescritível.
No final do trecho, quando termina a Flume Trail, ela se encontra com a Tunnel Trail, um delicioso downhill onde todo cuidado é pouco, pois o piso é de uma terra muito fina e solta, quase como um talco, onde as derrapagens e escorregõees ocorrem a qualquer momento.Chegamos a estrada e do outro lado, avistamos uma praia com ondas fortes na água verde esmeralda, muito parecida com as praias de Ilha Grande no Rio de Janeiro. Só com um
detalhe: aqui é um lago!
No final da tarde fomos recebido com um super churrasco preparado pelo nosso amigo Bill, acompanhado por um gostoso arroz com feijão preparado por outro americano
TERCEIRO DIA – No terceiro dia, o Bill nos guiou para uma trilha que iniciava no Nordic Center. O início era por uma trilha pelo meio de pinheiros, que ia subindo muito lentamente. Foi uma das poucas trilhas onde tivemos oportunidade de ir aquecendo gradualmente, antes de começar as subidas radicais.
Depois de uns 7 km, a trilha encontrava a estradinha de terra (dirt road, como eles chamam aqui) N73 e então foram 3 km de subida sem parar. Neste trecho, a vista não é lá estas coisas, principalmente para quem já tinha feito a Flume Trail.
Saindo da N73, entramos na Tahoe Rim Trail, que é uma trilha estreita que contorna todo o lago Tahoe. Esta trilha foi construida com o trabalho voluntário de pessoas da região que curtem as atividades off-road, que fazem inclusive sua manutenção. A trilha só pode ser utilizada por mountain bikes, cavalos e pessoal que faz hiking. E é muito fácil segui-la, pois todos cruzamentos estão sinalizados.
Pela Tahoe Rim Trail, chegamos ao lago Watson, o tal que haviamos perdido no primeiro dia. Este pequeno lago fica praticamente escondido no meio da floresta e é muito bonito. Tivemos inclusive a oportunidade de ver uma cena tipicamente americana, com uma familia chegando em seu sport utilitie com um bote no teto, o cachorro Labrador e a geladeira com refrigerantes, cerveja e petiscos.
Seguimos contornando o lago Watson pela Rim Trail e alguns metros adiante encontramos a Western States Trail, uma trilha mais larga e mais utilizada, que corta quase toda America do Norte, pelo lado oeste, no sentido norte-sul.
No seu ponto mais largo, tem uma descida muito ingreme, que leva o nome de The Wall (a parede) e fica fácil entender a razão do nome. A mão chegava a doer pela força nos freios. Imaginem subir esta ladeira!
Mais alguns metros, e estavamos de volta à Tahoe City, onde terminaria nosso passeio deste dia, com 37 km. Fizemos um pit stop na loja do Bill, a Olympic Bike Shop, para uma xeretada nas coisas que iriamos comprar no outro dia e para a tradicional foto em frente a loja.
Despedida – No nosso último dia de pedal em Lake Tahoe, fomos fazer a trilha que o Clayton (um dos que trabalhava na loja) havia nos sugerido, começando no Spooner Pass e tomando a Tahoe Rim Trail, em direção ao sul. Logo no ínicio, a trilha já era uma forte subida, que ia cortanto em zigue-zague a montanha. Mais alguns metros, e ela ser tornava reta, mas ainda subindo.
Para resumir, foram 8 kms de subida ininterrupta, sendo que metade em piso limpo e a outra metade em um solo coberto por pedras. Nós que já estavamos meio cansados após 3 dias de pedal forte, neste dia não tinhamos quase mais nenhum gás. No final da subida, exaustos e praticamente sem ar, atingimos o pico South Camp Peak, a 2.700 m de altitude. Foi então que percebemos que tinhamos subido mais de 500 metros, em 8 km.
O visual era inacreditavel. Tinhamos uma vista de 360 graus. O lago Tahoe se descortinava por inteiro para nós. Depois de descansar e apreciar o visual, viramos nossas bikes e aí sabíamos que seria só alegria, pois seria um downhill incrível, técnico, mas delicioso. Descemos e estavamos de volta às nossas vans em menos de 45 minutos.
Foram dias inesquecíveis de muito mountain bike em companhia de pessoas incríveis. Após nossos 4 dias de pedal em Lake Tahoe seguimos para San Francisco, onde conhecemos de bicicleta a cidade e tivemos a oportunidade de pedalar no Monte Tamalpais ( localmente chamado Mt. Tam) um parque bacana pertinho de São Francisco e repleto de arvores gigantes. Com vistas arrasadoras da baia de São Francisco, e das cidades Sausalito e Tiburon e fechar o dia com CHAVE DE OURO.
MT Tam, que por acaso era também um modelo da bicicleta Gary Fischer, Nfoi na década de 1970, onde pioneiros do mountain bike Gary Fisher , Otis Guy, Charlie Kelly e Joe Breeze deram origem a modalidade. O filme de 2006 Klunkers narrou sua história, solidificando o status do Monte Tamalpais como destino de mountain bike, assim como o livro de Frank J. Berto, The Birth of Dirt .
Nosso grupo estava formado por 13 pessoas: Paulo de Tarso, Reinaldo Ópice, Paulo Shigueo, Beto Guidugli, Mário, Pedrão, Claudia Antony, Sylvia Sanches, Aref, Fátima, Mário Rocha e a Geli.
ALGUMAS DICAS
Nossa recomendação é alugar uma bicicleta na Olympic Bike Shop (a loja ainda existe) e se informar das melhores trilhas da região, uma loja supercompleta,
Outro cuidado é com relação ao clima. Apesar de estarmos no alto verão, enfrentando temperaturas de 30 graus durante o dia, a noite a temperatura caia para menos de 10 graus!
Tambem é muito diferente pedalar aqui do que no Brasil, pois o clima é super seco e a altitude mínima é de 2.000 metros, o que torna qualquer esforço leve numa maratona. Portanto, leve muita água. Camelback é uma boa opção.