Atualmente são muitas as competições realizadas pelo mundo, contribuindo para elevar o nível técnico do esporte e revelar vários “pilotos”, que hoje formam a elite competitiva do esporte.
Como vimos, a história do mountain bike nos permite afirmar que esse esporte já está totalmente consolidado no “mundo ciclístico”, com muitos atletas e entusiastas, um calendário de competições definido e uma indústria de equipamentos que lança novidades a cada dia. E isso é resultado do trabalho de muitas pessoas que se dedicaram ao desenvolvimento do MTB, bem como do grande apoio de entidades públicas e privadas, e da ótima participação do público, que prestigia e fortalece cada vez mais o esporte.
Há muito tempo, eu Paulo de Tarso presidente do Sampa Bikers estou envolvido com o esporte e principalmente com a bicicleta.Lembro-me muito bem da aparição das primeiras bicicletas de mountain bike. Foi lá pelo ano de 1988. Morava no Rio de Janeiro, era praticante de ciclismo de estrada e triatlon quando começaram a aparecer, no meio do pelotão, umas bicicletas um tanto quanto diferentes para época. Eram as tão faladas mountain bikes!
Segue um pouco dos 20 primeiros anos da modalidade no Brasil. Se por acaso você tem fotos ou algo a acrecentar envie um email para [email protected]
1989
Em 1989 o ciclismo quase muda de nome, tal a força de entrada e recepção que tiveram essas bicicletas de pneus grossos e muitas marchas. O impacto foi tão forte que muitos dos principais ciclistas olímpicos participaram das provas de mountain bike. Quase toda a mídia, normalmente indiferente ao ciclismo, percebeu essa situação e deu um grande espaço para a nova modalidade. Nascia o mountain bike no Brasil!
Era mais ou menos previsível que depois de 1988, após o Iº Mountain Bike Cup Fazenda Hotel Jatahy, organizado por Marcos Ripper, em Paraíba do Sul – RJ, a coisa toda explodisse no país. Tudo indicava que os cariocas iriam ditar os rumos; já haviam feito um campeonato, tinham conhecimento técnico avançado das bicicletas e, na época, eram os únicos fabricantes, artesanais, de quadros específicos para mountain bike (Pró Bike).
Em São Paulo tudo nasceu com JB e Renata Falzoni com sua genial criação: o Iº Cruiser das Montanhas de Campos do Jordão, patrocinado pela Caloi. Foi um mês – julho – com 50 bicicletas Cruiser Montana 5 marchas e um sucesso absurdo! Renata e J.B fariam a primeira prova ainda em 1988. Partiram para uma Copa (Halls-Lâminas Schick) que foi um dos pontos altos de todo o ano de 1989.
Renata Falzoni, jornalista conceituada, jogou todas as suas forças e seu profissionalismo na divulgação do novo esporte e conseguiu resultados surpreendentes. A resposta na mídia foi total e o mountain bike passou a ser conhecido por todo mundo.
O Primero ano da modalidade no Brasil foi uma festa, quase uma brincadeira. Grande parte dos praticantes, para ser considerada amadora, tinha ainda que pedalar muito! Eram pessoas que se transformavam em ciclistas apenas nos fins de semana, a procura de contato mais próximo com a natureza.
A Caloi deu seu empurrão. Patrocinou eventos, provas e lançou rapidamente um produto para o novo mercado: a Caloi Mountain Bike, a primeira bicicleta do gênero fabricada no Brasil. Foi a única fábrica presente no mountain bike em 1989.
A diferença entre esses dois campeonatos – a Copa Halls-Lâminas Schick e o Campeonato Brasileiro – foi muito grande. Os estilos eram marcados por seus capitães-chefe. Renata Falzoni e J.B. são mais festivos e preocupados com detalhes que agradem a todos, preparando circuitos com trilhas que exigem muita técnica em um clima de alegria. Assim foi a Copa Halls-Schick, como ficou conhecida na época. Foram quatros etapas: Pinhal, Campos do Jordão, Souzas e Atibaia, em que mesmo nas pistas rápidas e com menos trilhas, a força não se sobrepunha a técnica. Para Eduardo Ramires, Campos do Jordão foi a melhor prova do ano de 1989.
O Campeonato Brasileiro, patrocinado pela Caloi, teve a marca de um esporte profissional: muita seriedade nas provas, sempre com uma organização técnica perfeita. Foram cinco etapas: Campos do Jordão, Itatiba, Paraíba do Sul e duas vezes em São José dos Campos. Até então não havia divisão de categorias.
Outros Campeonatos
Em Campinas, José Félix realizou cinco etapas de um Campeonato Regional de Campinas – Souzas (duas vezes), Indaiatuba, Campinas e Pedreira. Apelidado por alguém de “Campeonato do Riso”, apesar de não contar com suporte financeiro, conseguiu realizar um evento com muitos participantes e ótima organização.
Outro campeonato que marcou época, também com organização simples e muitos participantes, foi o Intercity da Trilha. O primeiro campeonato, com duas etapas (seriam três, mais não houve data disponível) – uma de Mairiporã até Atibaia e outra de Pinhal até Albertina – foi realizado no final de 1989. Organizado pelo criador da marca e loja Trilha, o “Luisinho da Trilha”, tinha como característica trajetos com muita técnica, força, belas paisagens e longas distâncias. Naquela época já se dizia que esse tipo de prova seria o mountain bike do futuro. E com razão, hoje as provas de maratonas crescem cada vez mais.
No Rio de Janeiro, Henrique Coutinho e Tião Gavião fizeram uma das mais legais provas daquele ano: Petrópolis 3 Mountain Bike, uma prova com up hill, down hill e cross country, tudo em um dia só.
Em 1989 foram mais de vinte provas só entre Rio e São Paulo. Isso sem contar com Santa Catarina onde também houve campeonato. Um aspecto que deve ser lembrado é que o interior do Brasil ainda não havia descoberto o mountain bike.
Mas o fato mais marcante do surgimento do mountain bike no Brasil foi o Campeonato Mundial conquistado por Edu Ramires. Foi um coroamento merecido, pois no ano de 1989 ele havia vencido quase todas as provas e só não levou pra casa o título de Campeão Brasileiro. Sem dúvida foi o ciclista da década de 80 no mountain bike.
Osvaldão dos Santos foi o segundo em vitórias no ano de 1989.
Foi uma sombra para Ramires, o único oponente em condições reais de enfrentá-lo. As disputas entre os dois foram um caso à parte.
Marcos Mazzaron (foto ao lado), se juntou a essas feras do mountain bike.
Vindo de uma carreira vitoriosa do ciclismo de estrada, perdeu sua primeira corrida para Ramires. Dali pra frente conseguiu ser o mais forte ciclista de sua categoria.
Outros atletas que se destacaram no ano de 1989 foram os primeiros dos “normais”, cada um com seu estilo próprio: Ulisses Dupas e Cláudio Luiz Branco.
Cláudio Branco era um ciclista que mantinha um equilíbrio entre suas qualidades: forte, técnico, com uma visão clara da corrida. Na época, era o único entre os cinco melhores do Brasil que corria com um quadro nacional, um Pró bike de Terezópolis. Hoje ele ainda continua competindo na categoria máster, sempre chegando entre os primeiros.
Dupas foi apelidado de o “eterno terceiro”. Sua bicicleta era bastante precária, mais sua técnica era refinadíssima. Hoje Dupas é coordena a filial da Megabikers em Campinas.
Dos cariocas, destaque especial para o ciclista olímpico Eduardo Berlink. Mas outros atletas, que também mostraram trabalho muito bom, merecem ser citados, como Marcos Catão, Caio Marques, Luiz Rodegheri e Luiz Cati Pureza. Catão, em 1989, era um dos dez melhores do país e o Caio o mais forte dentre os veteranos. Os cariocas se destacavam por ter um grupo de mais de 40 pessoas que pedalavam muito. Há também aqueles cariocas que não participaram de todas as provas mas também deixaram suas marcas: Moisés Amaral, Paulo Amaral Gurgel, Gentil Leite e outros tantos.
Em Minas Gerais, na cidade de Juíz de Fora, surgia uma das melhores surpresas de todo ano: os irmãos Miguel e Marcelo Giovannini.
Miguel chegou assustando ao andar entre os monstros. Era uma grande promessa que deu o que falar nos anos seguintes.
Dos ciclistas olímpicos, Cleber Anderson foi um dos primeiros a correr de mountain bike. Sempre largou na ponta e chegava entre os dez primeiros. No seu rastro vieram seus irmãos Celso e Clóvis e outros mais.
Nos juniores Mauricio Bombarda era o campeão absoluto, talvez a grande revelação do ano de 1989. E nos veteranos, Rubinho Pontes, Carlão Aliperti e Neni Aliperti embolavam em uma acirrada disputa com Salvador Abreu, o primeiro veterano vindo do ciclismo.
Daniel Aliperti comenta:
“Fui mecânico do Maurício Bombarda, do Oswaldão, do Edu Ramires, do Erivan e de vários outros.(90-91-92)
Pegava as bikes deles todas fodidas, com tudo duro, funcionando meio mal e quando devolvia, ela tava toda perfeita, macia. Os caras não acreditavam”
Daniel Aliperti também participava das provas e participa até hoje. E foi uma das primeiras pessoas a andar com SPD, quando a maioria das pessoas andavam de firma-pé. É proprietário de uma das mais renomadas lojas de bikes do Brasil, a Pedal Power.
A mulheres
As primeiras meninas a se destacarem no cenário nacional foram Renatinha Osório e Maria Paula Miranda, além da ciclista olímpica Cláudia Carceroni (foto ao lado direito), que estreava no mountain bike com vitória.
Ana Cecília Guglielmi (foto da esquerda), a grande fera do cenário feminino naquele ano, ficou de fora da temporada por ter tido o seu segundo filho.
Maria Elisa Gayoso começou o mountain bike com um tombaço, uma fratura, mas voltou desafiando a posição de Daniela Cabrino, que também estava sempre entre as primeiras.
Enquanto a galera colocava as bikes nas trilhas, Daniel Aliperti era a primeira pessoa especializada em manutenção de mountain bikes e também o primeiro a ter ferramentas específicas para mexer em mtb.
1990-1991
Em 1990 e 1991 as dificuldades econômicas no país afetaram, e muito, o esporte. Foi quando o Collor pegou o dinheiro do povo. Todas as modalidades esportivas enfrentaram enormes dificuldades, não apenas para realizar provas e campeonatos, mas até para se sustentar. A crise atingia a todos, profissionais ou amadores. Sem estrutura e sem investimentos, mais de meio ano se passou e muitos dos campeonatos não se iniciaram. O país passava por um período de forte recessão. Talvez tenha sido o pior período do esporte em todos esses anos. Mas o fato curioso para o mercado nacional foi a abertura das importações em 1991, quando muitas novidades estariam por aparecer e mudar todo esse cenário de dificuldade.
A temporada de 1991, que nos primeiros meses parecia ser fraca, tomou um novo ar a partir do segundo trimestre,
com provas para todos os gostos. A abertura se deu com a realização do troféu Brasil Skol em Angra dos Reis, na Fazenda do Hotel Porto Belo, com vitória do mineiro Miguel Giovaninini.
A prova marcava o retorno de Marcos Mazzaron, após ter sofrido um sério acidente em maio de 1990.A já tradicional Copa Halls- Schick, em seu terceiro ano, continuava ainda como o principal campeonato do país, com destaque para uma sensacional etapa nas areias da Praia Grande, sempre atraindo muitos participantes.
A Copa Samchuly vinha com uma nova proposta de mountain bike com provas Intercity com planilhas e com duas opções: velocidade e regularidade. Foi um sucesso!
São Paulo ainda era o principal reduto do esporte no país. Mas Minas Gerais já tinha seu campeonato. No Rio de Janeiro, Osvaldão se consagrava campeão da Copa Itaú, e outras cidades organizavam pequenas provas, entre elas, o Mountain Bike For Fun em São Carlos e os Intercity da Trilha, que eram pura diversão.
A grande roubada foi a seletiva do MTB das Selvas. O evento, que prometia ser uma grande novidade no calendário de provas, realmente foi. Uma prova de pura aventura sobre duas rodas, nos moldes do Rally Paris-Dakar. O evento estava previsto para acontecer no dia 27 de outubro em plena floresta amazônica.
A seletiva aconteceu em junho na Serra da Bocaina, onde participaram 51 atletas, entre eles nomes como Osvaldão, Ramires e Giovannini. A idéia da competição era bastante interessante. Os competidores teriam que cumprir o circuito carregando todos os seus pertences (sacos de dormir, roupas, ferramentas) nas bikes. Qualquer apoio técnico estava proibido. Uma forte chuva que caiu na madrugada atrapalhou os planos dos organizadores, que ficaram com seus carros atolados nas trilhas e cancelaram a segunda etapa. Apesar de não valer nada, muitos participantes resolveram encarar a trilha mais dura e voltar a São José do Barreiro. Após a seletiva o MTB das Selvas nunca foi realizado.
Entre os competidores, em 1991, Miguel Giovanini se despontava entrando na eterna e acirrada disputa de Ramires e Osvaldão.
No feminino, Maria Elisa Gayoso começava a se destacar e brigar pela ponta com Renata Osório, em São Paulo. E a ciclista de estrada Ieda Botelho (foto da esquerda) vencia as principais provas do país.
1992
O ano de 1992 foi difícil para todos. No mountain bike não foi diferente. Mas o esporte conseguiu sobreviver às provas adiadas e à falta de patrocinadores e mostrar seus campeões.
Em Minas Gerais, o mountain bike atravessava uma fase brilhante. O interesse pelo esporte atraiu um bom número de participantes e o público já começava a se familiarizar com o novo tipo de bicicletas e seus pilotos com suas roupas coloridas.
Para os paulistas, apesar de ter acontecido algumas provas, vários competidores saudosistas relembravam de temporadas passadas, quando havia um maior número de provas bem estruturadas. Mas isso viria a mudar com a posse do novo coordenador da Federação Paulista de Ciclismo, o Marco Antônio, de São Roque, que levantou o mountain bike em são Paulo nos anos seguintes.
No Rio os cariocas enfrentaram uma briga entre a FECIERJ (Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro) e a Associação Brasileira de Mountain Bike, com direito a intervenção de provas e tudo mais!
Márcio Ravelli
Com apenas 20 anos, começa a se despontar na Elite Márcio Ravelli, ao vencer sua primeira prova na categoria nesta categoria no Iº Festival Nacional de Mountain Bike, realizado em Valinhos. Ravelli deixou para trás nomes fortes como Osvaldão, Ramires e Mazzaron. Outro atleta que começava a despontar era Erivan de Lima. Originário do ciclismo, tinha seu ponto forte nas subidas (Erivan hoje é organizador do Desafio da Mantiqueira de MTB).
O calendário nacional tomou forma a partir do segundo semestre, com a disputa da primeira etapa do brasileiro, que chegava a sua quarta edição, e o Campeonato Paulista, que tinha os maiores nomes do mountain bike naquele ano.
MTB INDOOR Banco do Brasil
O ponto alto em 92 foi a realização, no Ginásio do Ibirapuera, do Mountain Bike Indoor, um evento inédito no Brasil,que, em minha opinião, foi o maior evento de mountain bike já realizado. Patrocinado pelo Banco do Brasil e organizado pela extinta Revista Bici Sport, reuniu 132 feras do pedal (120 rapazes e 12 garotas) que disputaram, nas noites de 28 e 29 de agosto, um prêmio total de 32 milhões de cruzeiros (pouco mais de 6 mil dólares). Os principais nomes do Brasil estavam competindo, além de atletas do Chile, Espanha e Peru.
Para o público, competidores e imprensa, tudo aquilo era uma novidade, o que resultou numa dose a mais de adrenalina. Uma grande estrutura foi montada. Construído dentro de um ginásio, o circuito teve um traçado com mais de 600 metros que simulava as mesmas condições encontradas nas trilhas. E para dar mais tempero ao espetáculo, havia ainda uma imponente cenografia que incluía uma árvore inflável de 18 metros de altura. E foi um sucesso!
O evento foi matéria nos principais jornais do Brasil. Todas as redes de TV abriram seu espaço, dando-se ao luxo de uma entrada ao vivo em um importante telejornal. Várias rádios também levaram a emoção da prova para seus ouvintes.
Nem o cinema ficou de fora. Quem se lembra do Canal 100? Um programa jornalístico que era apresentado em todos cinemas do país, normalmente com imagens de futebol. Eles também estavam presentes!
A competição foi disputada em sistema de eliminatórias com baterias de duas voltas e 12 competidores em uma única categoria. No masculino venceu o chileno Vidaurre.
No feminino o nome forte daquele ano era a carioca Ana Cecília (foto da esquerda), a vencedora da prova. Mas quem quase tirou a vitória da favorita foi uma garota que estava no mountain bike há apenas 8 meses e vinha crescendo ao longo da temporada. Surgia no mountain bike Adriana Nascimento, que ficou em segundo lugar, a frente de nomes importantes da época como a Ieda Botelho, Márcia Guimarães, Maria Elisa Gayoso e Renata Osório.
1993
A partir do ano de 1993 o setor de bicicletas deu uma explosão, principalmente no segmento mountain bike. Ter uma mountain bike era moda. Os passeios noturnos dos Nigth Bikers, comandados pela pioneiríssima Renata Falzoni, eram a grande sensação do momento e espalhava-se Brasil afora. Nesse embalo nascia o Sampa Bikers, que hoje organiza importantes provas do calendário nacional.
O Campeonato Paulista de MTB, sob a direção técnica de Marco Antônio Alves, veio com força total e se consagrava como a principal competição estadual do país. Uma de suas realizações pioneiras foi à inclusão da modalidade Trip trail, hoje normatizada pela UCI como maratona, nas provas do campeonato paulista, com estréia na cidade de Brotas.
Outra modalidade que cresceu bastante no estado foi a de enduro de regularidade, com várias provas realizadas pela Verde Rosso Trail Club e pelo Mazinho Bender.
Mas a grande novidade neste ano de 93 foi o Iº Iron Biker, em Minas Gerais. Com uma proposta inovadora e desafiante é realizada com sucesso até hoje. Em sua primeira edição contou com “apenas” 300 participantes o vencedor na categoria masculino foi Márcio Ravelli e na feminino Ana Caceília Guglielmi.
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A prova que encerrou o calendário de 93 foi o Trip Trail de Paraibuna, que, realizado pela primeira vez neste ano, também fez parte do campeonato paulista. Foram 103 quilômetros pela Represa de Paraibuna e foi vencida pelo Osvaldão que corria pela Levorim e Adriana Nascimento que corria pela Caloi.
1994
Abraão (foto da esquerda), Ravelli, Giovaninni, Ramires, Osvaldão, Erivan, Arley de Jesus, Juninho, Edvando, Robson dos Santos (Urubu), Adriana Nascimento, Ana Cecília, Suzana Castro, Jane Porfírio, Patrícia Loureiro.
A temporada de 1994 começou com o Open de Verão, realizado em Ilha Bela. Muitos dos feras da época, como Osvaldão, Giovannini e Ravelli não participaram. O duelo ficou entre Arley de Jesus, que fazia parte da equipe GT e Erivan de Lima da Caloi. Arley levou a melhor. No feminino, Adriana Nascimento, a nova estrela do mountain bike, venceu. O que chamou a atenção foi a categoria estreantes, na qual dois nomes se destacaram e fizeram um podium em família e até hoje estão aí. Em primeiro lugar Alcides Souza Cruz (o Juninho, que atualmente corre em Down Hill) e em segundo seu sobrinho Edvando Souza Cruz.
Outro evento no litoral que fez bastante sucesso foi o Beach Bikers, nas areias da praia da Enseada, no Guarujá. Um evento reunindo as tribos do BMX e do mountain bike. Uma grande estrutura foi montada no evento para receber o público e participantes. A prova foi vencida pelo Ravelli e pela Adriana Nascimento, ambos corriam pela Caloi. O destaque ficou para a categoria open que foi vencida pelo ex-piloto de bicicross o falecido Ivandir de Souza Santos, o Camon (foto da esquerda).
Em Belo Horizonte, ocorreu uma competição reuniu 50 mulheres: o Iº Mountain Bike Mulher. Estavam presentes as principais mountain bikers do país e foi um grande sucesso. Suzana Castro, a nova estrela do mountain bike nacional, foi a vencedora. Naquele ano ela venceu quase todas, tornando-se um tormento para a até então imbatível Ana Cecília Guglilemi, transformando o cenário do mountain bike feminino.
O Campeonato Mineiro, patrocinado pela Mongoose, também fazia muito sucesso atraindo sempre muitos inscritos e com uma boa premiação em dinheiro. Também em Minas o Iron Biker chegava a sua segunda edição, tornando-se a maior prova promocional do país, após da não mais realização da Copa Halls-Lâminas Schick.
As provas exclusivas de Down Hill também começavam a aparecer em maior número. Em Monte Verde, a última etapa do Open de Verão foi um down Hill: acontecia o Olympicus Kamikaze Down Hill, em uma descida de 3.900 metros, que distribuiu uma premiação de 3 mil dólares e foi vencida por Márcio Ravelli e Adriana Nascimento.
Em São Paulo, Abraão Azevedo, então com 24 anos, conseguia sua primeira vitória na elite, durante a quinta etapa do Campeonato Paulista e na categoria cadete, com apenas 20 anos, Odair Pereira, influenciado por Márcio Ravelli, vencia provas importantes. No feminino, além da Suzana, apareciam outras revelações, como a Simone Dominicalli e a Patrícia Loureiro (foto da direita), que depois se especializou no Down Hill.
E para fechar com chave de ouro, Márcio Ravelli, aos 22 anos, vencia o campeonato Sul Americano, realizado no Chile, e Márcia Cury (foto abaixo da direita) levava a medalha de ouro no Down Hill Campeonato latino americano de Mountain Bike.
Acontecia também, o I Campeonato Interestadual, o mais antigo campeonato promocional do país, organizado por Marcus Silveira (foto da esquerda).
1995
O Down Hill fazia sua estréia no Campeonato Brasileiro, com a primeira prova oficial realizada em São Roque e vencida no masculino pro Miguel Giovannini (foto abaixo da equerda) e no feminino a jovem Patrícia Loureiro (foto acima da direita). Naquele tempo era comum atletas do cross country participarem também do Down Hill.
O Campeonato Paulista e o Campeonato Mineiro, que levava o nome de Copa Mongoose, eram os principais campeonatos estaduais do país. Mas uma norma baixada pela CBC naquele ano proibia atletas filiados em um Estado participarem do campeonato de outros Estados. A mudança imposta no meio da temporada acabou tirando o brilho do Campeonato Mineiro, que vinha sendo um dos mais disputados e bem organizados no ano de 95.
O Open de Verão se despontava como o grande campeonato em 1995. Um evento bem organizado, com patrocínio da Caloi, boa premiação, muitos participantes e cobertura da Rede Globo e outras mídias de grande importância.
Pelo segundo ano consecutivo acontecia o Mountain Bike Mulher, desta vencido por Márcia Cardinali.
Nas principais competições começava a aparecer, primeiras colocações, o nome de Jaqueline Mourão (foto da direita), que também se aventurou pelo Down Hill no começo de sua carreira. Conquistou seu primeiro título na Elite levando o campeonato Mineiro de 1995.
Destaque para Odair Pereira (foto da esquerda), que vencia sua primeira prova na categoria Elite e para o jovem Renato Seabra que levava o título de campeão brasileiro de juniores.
Em Santiago do Chile, acontecia o Iº Campeonato Pan Americano de Mountain Bike, onde Edivando Souza Cruz, Odair Pereira e Miguel Giovannini garantiram o ouro. No feminino, Patrícia Loureiro trouxe a medalha de prata.
No Mundial de MTB disputado na Alemanha, Ivanir Teixeira (foto da direita), garantiu o Brasil a participação na primeira prova de mountain bike da história dos jogos olímpicos, com sua 57ª colocação.
1996
A maior parte dos fabricantes nacionais reduziu drasticamente a sua linha de produtos, os importadores (com raras exceções) trouxeram pouquíssimos modelos e também quantidades reduzidas. O MTB no Brasil entrava em uma fase de grande crise.
O campeonato mineiro, um dos melhores do país, praticamente acabou com a saída da Mongoose do mercado. Nomes como Ana Cecília e Miguel Giovaninni ficaram sem o grande patrocinador, dificultando muito a participação deles em outras provas.
A estréia do MTB nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, foi um marco para o esporte, evidenciando seu grau de importância. Márcio Ravelli (27º) e Ivanir Teixeira (35º) foram os primeiros a representar o Brasil na modalidade.
Nas competições, Jaqueline Mourão participou de seu primeiro campeonato brasileiro, ficando em segundo lugar, atrás da Adriana Nascimento (foto da esquerda), que corria para Litespeed.
Santa Catarina começava a aparecer no cenário nacional com algumas boas provas.
O Campeonato Paulista vinha como o principal campeonato estadual do país, mas com provas esvaziadas, assim como no brasileiro. Com isso, o campeonato Interestadual, que em 1996 chegava em sua terceira edição, podia ser considerado o principal campeonato do Brasil. Os amantes do esporte ficavam na expectativa pela grande prova do ano, o Iron Biker, que a cada ano aumentava o número de participantes.
Nos três anos seguintes Ravelli e Adriana Nascimento dominavam a modalidade, mas o Mountain Bike sofreu uma grande crise. Foram anos conturbados para o esporte. Falta de grandes eventos, de patrocínio, de apoio e um pouco de desorganização colaboraram para tudo isso.
A grande novidade do ano foi à realização do Iº Mountain Bike 12 horas de São Paulo , começou pequeno com poucos participantes, sem muito apoio .Hoje pode ser considerado a grande festa da modalidade no país. Leia o quadro abaixo sobre a história do evento por Alexandre Torres, idealizador da competição.
Mas toda essa crise não impediu que o esporte entrasse definitivamente para elite do mountain bike mundial, quando a Specialized Cactus Cup, uma das competições mais famosas do mundo na época, foi realizado no Brasil, no Parque Ecológico em Campinas. Um evento completo, até então ainda não visto no país. Feira, dual Slalon, competições para crianças, cross country…
A Cactus Cup era dividida em três provas: o Fat Boy Criterium e o cross country. Os atletas pontuam de acordo com a colocação em cada prova, vencendo aquele que somar mais pontos. O grande campeão foi o costaricence Andréas Brenes(Ritchey), sexto colocado nas olimpíadas de Atlanta. Mas não podemos deixar de citar a vitória de Márcio Raveli, no cross country, um grande feito para sua carreira.
Além de Brenes, o evento contou com a presença “lenda” do mountain bike, o americano Ned Overend, que corria para Specialized. A competição foi realizada em Campinas, no Parque Ecológico.
MTB 12 Horas de São Paulo
Como tudo começou…
Em 95, o mountain bike viveu o auge de seu primeiro “boom” no Brasil. Passeios e competições enchiam o calendário, as ruas e as trilhas. Revistas especializadas, nacionais e importadas, traziam as últimas novidades nas bancas. Nas lojas cheias, bikes de todos os modelos, tipos e marcas disputavam a atenção e o bolso dos ciclistas. “Nesse ano, logo depois de me tornar colaborador fixo, fui cobrir a Interbike em Anaheim, na Califórnia, pela BICI Sport”, lembra Ale Torres, criador do projeto do MTB 12 Horas de São Paulo. “Um dia, na feira, conversei longamente com um grupo de jornalistas de outras revistas americanas, e o assunto era um novo tipo de competição que havia surgido há pouco tempo mas já ganhava adeptos rapidamente: as corridas de revezamento 24 horas.
Entusiasta do esporte, aficionado das bikes e curioso profissional, Ale Torres logo correu atrás para se informar mais a respeito desse novo formato e, na própria Interbike, conheceu a Granny Gear de Laird Knight, inventor da avó de todas as provas do tipo: a famosa 24 Hours Of Canaan, no estado de West Virginia (USA). “Fiquei entusiasmado com a novidade. Pra mim, era a mistura perfeita do espírito competitivo e ao mesmo tempo aventureiro e de companheirismo que eu sempre imaginei no mountain bike!”
O projeto
De volta ao Brasil, ainda em 95, Ale Torres escreveu o primeiro projeto para uma prova do tipo no Brasil. “Tive que adaptar o estilo para a nossa realidade. Eu já fazia trilhas a noite há algum tempo, inclusive provas de enduro de regularidade, como as que o Mazinho organizava na Cantareira, e promovia isso com meus artigos na BICI. Mas não havia uma “cultura” noturna do mountain bike ainda, muito menos a idéia de pedalar por tanto tempo, ou mesmo em equipes por revezamento. Fiz um projeto de uma prova de mountain bike da qual eu gostaria de correr, como apaixonado pelo esporte que sou”. Baseado nos princípios do 12 Hours de Canaan, Ale Torres praticamente escreveu o regulamento e o formato do evento, criando assim o projeto do I° MTB 12 Horas de São Paulo.
Com o projeto em mãos, ele foi conversar com os maiores nomes do mountain bike nacional na época: fundadores e guias de clubes, organizadores de eventos, atletas… até que, numa visita à loja Total Bike, mostrou o projeto ao campeão mundial Edu Ramires. “Eu levei o projeto e apresentei a idéia a todo mundo que era alguém no ciclismo. Todos, sem exceção, gostaram da idéia e se empolgaram, mas eu lembro até hoje o que o Edu disse naquele dia na Total: VAMOS MARCAR A DATA!” Além de campeão mundial, com experiência internacional em várias áreas do ciclismo e do mountain bike, Edu Ramires era ainda um atleta ativo e com algumas experiências na organização de outras competições, além de inúmeros contatos para somar. No começo de 96, com o Projeto Final do MTB 12 Horas, os dois botaram a mão na massa.
O Primeiro MTB 12 Horas
Superadas as dificuldades na obtenção de patrocínio para bancar o projeto, foi a hora de escolher o local. O circuito tinha que ser de fácil acesso e média dificuldade, e com uma infra-estrutura que permitisse hospedar atletas, organizadores e públicos por um dia inteiro. O lugar escolhido foi o CEMUCAM, Centro Municipal de Campismo, um parque público semi-fechado da Prefeitura de São Paulo, localizado no KM 25 da Rod. Raposo Tavares, próximo a Cotia. Os motivos: era próximo de São Paulo, já tinha um circuito de XC conhecido e freqüentado pelos bikers, e tinha uma infra-estrutura ótima, com dois grandes galpões cobertos, alojamento, banheiros e uma cozinha industrial. “Era perfeito! Além disso, o Edu já tinha organizado uma prova de XC ali antes, com o Rodrigo, e eles tinham bons contatos com a administração”, relembra Ale Torres.
Depois disso, vieram outras dificuldades, sempre superadas com muito trabalho, dedicação, paciência e determinação. As maiores barreiras ainda são lembradas por Ale e Edu. “Foi difícil explicar o conceito do evento para um público que estava acostumado com provas de XC e trip trail. O regulamento era claro, mas ainda era experimental, assim como a divisão das categorias; havia a questão das trocas, do revezamento, do encerramento… coisas que até hoje, dez anos depois, ainda confundem muitos participantes. Havia ainda toda a logística da organização – cronometragem, fiscalização e circuito, apoio, premiação, staff. Se hoje essas coisas ainda exigem um planejamento detalhado da nossa parte, ocupam nossa cabeça por semanas a fio antes da corrida, imagine na época, sem qualquer experiência em corridas do tipo!”
Ainda assim, praticamente convidados pelos organizadores e alguns lojistas que se empolgaram com a idéia, um pequeno grupo de 68 amantes das bikes topou o desafio proposto pela dupla, e se inscreveram para participar do evento. Num ensolarado, porém frio 2 de Agosto de 96, dezessete atletas – cada um representante de uma equipe – largaram às 11 horas da manhã para a primeira prova de longa duração por equipes da América do Sul – assistidos por uma platéia de amigos, parentes e freqüentadores do parque. A largada foi no inédito e exclusivo estilo “Le Mans” – como ainda é até hoje, uma tradição emocionante do MTB 12 Horas.
A prova rolou sem maiores dificuldades, mas as coisas ainda eram “artesanais” e pessoais na época. “Eu lembro que revezei com o Edu na fiscalização do circuito, de dia e de noite. Fez um sol e um calor danados de dia, mas à noite esfriou bastante e caiu uma neblina. Logo começaram as reclamações de gente cortando caminho, no CEMUCAM isso era fácil porque o circuito se cruzava várias vezes. Eu saí de bike quando escureceu e fiquei escondido em vários pontos desses e não vi ninguém trapacear – mas o visual e a emoção estavam demais!”, diz Ale. O circuito de 6 km era rápido, e bem técnico. Os trechos mais perigosos foram sinalizados com tochas, o que deu um toque especial ao evento. Essas características únicas são mantidas até hoje no MTB 12 Horas de São Paulo.
As dores de crescer
Apesar das dificuldades, ou mesmo por causa delas, o MTB 12 Horas continuou crescendo, ganhando adeptos e se aperfeiçoando. Em 97, no seu segundo ano, uma chuva forte e ininterrupta obrigou a organização a interromper o MTB 12 Horas com 8:30 de prova, no escuro provocado pela falta de luz. Em 99, novamente a competição foi paralisada com pouco mais de 8 horas por causa de tentativas de assalto na trilha do CEMUCAM, o que causou insegurança aos participantes e organizadores. Esse fato, e o crescimento do púlico e participantes, levou os organizadores a procurar outro local, mais seguro e maior, para o MTB 12 Horas.
“Em 98, o Paulinho do Sampa Bikers me convidou pra organizar a Copa DirecTV Amador em Alphaville, região que eu conhecia bem. Eu levei o Edu comigo, logo depois que ele voltou do mundial, já tínhamos feito uma prova de trip trail nas trilhas dali. Logo estávamos todos unidos na organização da Copa – e naturalmente, do MTB 12 Horas também. Já em 98 realizamos juntos todos os projetos, que passaram a ser promovidos pelo Sampa. Com a soma, pudemos crescer em profissionalização, organização e divulgação, juntos aprendemos muita coisa em pouco tempo. Os problemas com as tentativas de assalto em 99 nos obrigaram achar outro lugar para abrigar o 12 rapidamente, pois a repercussão negativa exigiria uma resposta rápida e eficiente”, lembra Ale Torres a respeito da época.
Uma nova fase começou já no ano seguinte: O MTB 12 Horas de São Paulo passou a ser realizado em Itupeva, no Shopping SerrAzul, km 72 da Rodovia dos Bandeirantes. O local tinha uma excelente infra-estrutura comercial e de apoio, uma área ampla e com grande estacionamento, um visual maravilhoso, hotéis e uma nova trilha, com novos e emocionantes desafios. Além de ficar em um ponto menos isolado, facilitando o acesso e a circulação de público, participantes e apoiadores.
12 anos depois…
Com a mudança, o MTB cresceu rapidamente e se profissionalizou. A data de realização se fixou em novembro, no fechamento do calendário anual, e o formato se consolidou – uma nova cultura de competição se firmou como única no MTB 12 Horas. O número de participantes aumentou, atraindo equipes de todos os cantos do país e até do exterior. O norte-americano Tinker Juarez, campeão mundial convertido às provas de longa duração, participou e venceu na categoria solo em 2001. As maiores equipes e atletas do esporte nacional, como Specialized, Scott, Amazonas, Ravelli e Abraão Azevedo, entre outros, colocaram o MTB 12 Horas no seu calendário oficial de provas, afinal a prova gerava um retorno maciço na mídia. As atrações, shows e participações, imaginadas por Ale, Edu e Paulinho desde o princípio, se concretizaram rapidamente e de forma muito positiva no novo local.
Ale Torres: “Somente no SerrAzul eu vi acontecer o MTB 12 Horas que sempre sonhamos. Todas as edições foram especiais, claro. Eu me lembro muito bem da primeira, o espírito já estava lá – e isso é impressionante, lembrar disso é impressionante! Realizar esse projeto foi algo único. Mas levou 8 ou 9 anos pra finalmente ver as equipes entrando no espírito da prova como sempre imaginamos, e acho que isso foi o mais importante. Mudar uma realidade é complicado, criar uma cultura é difícil. Em 95 eu já sonhava em fazer esses atletas se organizarem dessa forma pra viajar e acampar durante dois ou três dias pra competir dia e noite, até porque eu sempre quis fazer isso também! Desde o primeiro ano, faço questão de ficar passeando no circuito e na área dos boxes das equipes e na feira, antes, durante e depois da prova, pra sentir esse espírito de comunhão e aventura – é nesses lugares que ele está. Eu sei que nem todo mundo ali sente ou percebe. Tudo bem. Cada um está ali por um motivo e com uma coisa na cabeça, mas nesse momento podemos sentir desse espírito. Pra nós, que criamos o 12 Horas e nos dedicamos muito pra ele chegar onde está, fica claro, mesmo no meio da empolgação da corrida, dos shows, do marketing e da competição, que tem algo único entre 500 ou 600 mountain bikers de diferentes tipos, pessoas de diferentes tipos, rolando. Dez anos depois, estamos realizados, fizemos um grande sonho se tornar realidade sem perder esse lado, essa conexão com as raízes do esporte que amamos”
Em 1997
O ano começou com uma característica diferente do ano anterior. Os grandes fabricantes nacionais lançavam novos modelos e alguns importadores traziam novos modelos. Mas no campo esportivo a coisa ainda continuava morna, sem muitas novidades.
O Campeonato Interestadual seguia bem, sempre com uma média de 300 participantes e a presença garantida dos melhores pilotos do país.
Em Santa Catarina, o mountain bike Beach, organizado sempre em lugares à beira mar, chegava a sua terceira edição.
Dois nomes começavam a se destacar: Odair Pereira (foto da direita) que estreava na Scott e Markolt Bectold, que naquele ano corria na Junior. Adriana Nascimento continuava soberana no feminino e Ivandir de Souza, que corria pela Caloi, chegava em sua melhor forma vencendo a maioria das provas naquele ano.
Em São Paulo, a família Anderson, montava no quintal de sua propriedade, em Caucaia do Alto (SP), próximo à Trilha do Verde, o Ciclo Sapiens Park, onde aconteceu a competição de DH Eliminator que reuniu cerca de 300 pessoas. Pena que o parque não durou muito tempo.
Um dos piores acidentes em competições nacionais aconteceu com Roberto Nakamura, que corria na categoria cadete naquele ano. Após um tombo feio ele ficou com dois coágulos no cérebro, ficando vários dias em coma. Felizmente Nakamura recuperou-se.
No Pan-americano, que aconteceu na cidade de Carlos Paz, Argentina, a equipe brasileira foi formada às pressas, com atletas se agregando até o momento do embarque, com problemas de falta de informação, falta de verba oficial, falta de apoio… Faltava quase tudo, menos competência, pois a equipe trouxe nada menos do que sete medalhas: três de ouro (Patrícia Loureiro – down hill elite, Markolf (foto da direita) – down hill juvenil – e Adriana – elite cross country), duas de prata ( Abraão – elite cross country e Hélio Nassarela – down hill master) e duas de bronze (Mauricio Dourado – sub 23 e Ricardo Machado – master 30).
O MTB 12 horas chega a sua segunda edição, realizado novamente no CEMUCAM, debaixo de muita chuva. Teve oito horas de duração, pois a organização interrompeu a prova, para felicidade dos participantes.
O ano terminava com Adriana Nascimento e Abraão Azevedo com o título de campeões brasileiros de cross country. Era o primeiro título brasileiro de Abraão e o terceiro da Adriana. No Down Hill, Urubu e Patrícia Loureiro confirmavam o favoritismo. Uma curiosidade na última etapa do campeonato brasileiro de Down Hill foi a vitória de Edvando Souza Cruz (1º da esquerda para direita na foto ao lado), que naquele ano já corria pela Caloi. Outra curiosidade foi Jaqueline Mourão, que também disputava o Down Hill, e só não levou o título porque sofreu um acidente na última etapa, disputada em Ilhabela.
1998
O ano de 1998 chegava e o mountain bike no Brasil continuava sem apoio. Os atletas reclamavam da má organização e falta de apoio na modalidade. A atenção da CBC era toda voltada para o Ciclismo. Com isso, sob o comando de Idelfons (foto da esquerda), o pai de Markolf, alguns atletas e promotores de eventos, foi criada a Comissão Brasileira de Mountain Bike. O objetivo da organização era fazer com que os recursos gerados pelo mountain bike retornassem diretamente para os atletas, coisa que não vinha acontecendo.
A idéia era boa. Uma das primeiras realizações foi o 1º Ciclomontanhismo Brasileiro, um campeonato nacional paralelo ao Campeonato Brasileiro de MTB, dividido em quatro modalidades: cross country, up hill, down hill e dual slalon. Com provas disputadas no mesmo local.
Após três anos, o ituano Odair Pereira finalmente conquistou o resultado que tanto perseguia: a vitória numa etapa do campeonato brasileiro, que aconteceu na primeira etapa, realizada nos dias 28 e 29 de março em São Sebastião da Grama, no circuito do Morro do Cristo. Como no mundial, o campeonato brasileiro de 98 estreava uma nova categoria, a sub 23, substituindo a cadete. Essa primeira prova foi vencida por Edvando Souza Cruz. Outro nome que começava a se despontar naquele ano era o de Albert Morgen, que corria na Júnior.
Há pelo menos 3 anos o mountain bike no Brasil estava com muita dificuldade, em total decadência. Se existe um ponto de partida para o crescimento, respeito ao atleta e profissionalização do esporte, podemos citar a realização da Copa Directv de Mountain Bike Amador.
A idéia era voltar aos tempos áureos do esporte, quando acontecia a Copa Halls-Schick. A fórmula era praticamente a mesma usada por Renata Falzoni, que naquele ano estreava um programa no canal 21 (As melhores Aventuras do 21). Fazer um evento direcionado para o público amador, bem organizado, tanto para o público quanto para o atleta, e com muita divulgação na mídia, aproveitando o patrocinador de muito peso. E deu certo. Mesmo com a chuva que acompanhou todas as três etapas, o número de participantes sempre foi crescente, uma média de 400 atletas, sendo que a média dos demais campeonatos não passava de 200. Era a estréia do Sampa Bikers em competições de mountain bike. Os primeiros campeões amadores foram Luis Miranda Ortiz Jr e Lorena Maria.
No MTB 12 horas, o Sampa Bikers também estreava na organização da prova.
E a prova mais importante do país, o Iron Biker, mudava seu perfil, tornando-se mais longo, difícil e principalmente mais competitivo que os demais. Grande parte dessas mudanças ocorreu com a internacionalização do evento.
1999
A internet começava a se fixar de vez no Brasil, facilitando ainda mais a divulgação dos eventos, que até então se dava somente via mala direta e revistas especializadas.
No cross country, motivado pela proximidade dos jogos olímpicos de Sidney, na Austrália, a única modalidade olímpica do mountain bike, foi bastante competitivo no ano de 1999, para se definir o representante brasileiro na modalidade.
Enquanto o cross country vinha com grandes emoções, a temporada do down hill, mais uma vez, foi uma luta para sobreviver. Decepcionados com a organização e o alto custo para participar dos principais campeonatos do país (o Brasileiro e o Paulista) as melhores equipes brasileiras, simplesmente desistiram de investir na modalidade.
O Interestadual e a Copa Directv eram os campeonatos que mais reuniam participantes, mas em Minas, um campeonato começava aos poucos a se destacar, era a Copa Ametur, válido também pelo campeonato Mineiro, que vinha fazendo sucesso e atraindo centenas de bikers. Minas voltava ao cenário nacional com um bom campeonato.
Fora desde 1997 das competições, após um acidente durante o Campeonato Brasileiro de Down hill em 1997, Jaqueline Mourão estava de volta a pista, na tentativa de vencer a até então soberana nas trilhas, Adriana Nascimento.
Em junho aconteceu o Campeonato Pan-americano de Mountain Bike, na Colômbia. Mas no cross country, o grupo composto por Márcio Ravelli (foto acima da direita), Ivandir de Souza, Abraão de Azevedo e Adriana Nascimento não obteve bons resultados. Além do 9º lugar de Abraão, nenhum dos outros componentes da equipe principal terminou a prova. E as chances da participação brasileira no cross country olímpico reduziram aos Jogos Pan Americanos e ao ranking da UCI. A seleção brasileira conseguiu trazer apenas duas medalhas de bonze, com Hélio Nassarala, no down hill, e Anderson Sette, no cross country Júnior.
Markolf Berchtold, fez falta no Campeonato Pan-americano. Com 19 anos de idade, já estava correndo contra os maiores downhilers do mundo e surpreendia, vencendo pilotos famosos, impressionando as maiores equipes e colocando o Brasil entre os melhores países do down hill mundial.
O Iron biker continuava com o sucesso crescente, batendo record de inscritos e o MTB 12 horas que chegava em sua quarta edição, tinha a Directv, como a patrocinadora oficial do evento e se consolidava como um verdadeiro festival do mountain bike nacional.
Enquanto isso em Minas surgia uma pequena prova, A Copa Ametur , que viria a se tornar uma das principais provas do país, a Copa Internacional de MTB.
2000
O Brasil comemorava os 500 anos e mundo afora as full suspension invadiam as pistas de cross country.
Nas competições não houve muitas novidades em. O Interestadual continuava firme e forte, sempre atraindo um grande número de participantes, inclusive os principais nomes do país. A Copa Directv chegava ao terceiro ano provando, desde 98, que o esporte amador no Brasil merece espaço, pois a cada etapa eram mais participantes, sendo o campeonato que mais reunia competidores no país. A Copa Ametur chegava ao segundo ano e aos poucos também se firmava como uma das principais competições do Brasil. Outra competição que também acontecia pela segunda vez e começava a chamar atenção foi a volta de Santa Catarina, que nesse ano ficou marcada pelo frio e chuva.
No campeonato brasileiro o patrocínio da Ford trouxe esperança em levantar de vez o esporte. Após muito tempo, o campeonato voltou a reunir o cross country e o down hill em uma só competição. Destaque na primeira etapa para a vitória do novato na categoria elite Albert Morgen. Estava em jogo uma vaga para as Olimpíadas de Sidney, que ficou para o Renato Seabra, o campeão brasileiro no cross country. No down hill o novo campeão foi o Robert Sgarbi e o Juninho ficou com o título do dual slalon, modalidade que em 2000 foi disputada como exibição. Em setembro foi lançado o primeiro número da revista Bike Action.
A nota triste para o ano de 2000 foi a tentativa de assalto durante o MTB 12 horas, que ainda era realizado no CEMUCAM, e que obrigou os organizadores a anteciparem o final da prova após pouco mais de 7 horas de competição.
2001
O Ano começava com boas notícias para o mountain bike. Markolf Berchtold, com 20 anos, sendo que nos últimos 3 vinha se despontando no circuito internacional de DH, correndo pela equipe Scott do Brasil, foi anunciado piloto da equipe de downhill e dual da Global Racing Mountain bike Team, formada por nove pilotos de diferentes regiões do planeta.
No cross country a mineira Jaqueline Mourão (foto da esquerda) também começava a disputar provas no exterior.
Novas competições apareciam no país. No Nordeste o mountain bike foi incluído no 14º enduro Rali Piocerá e aconteceu a primeira edição do Bike Race Across. Mas a principal novidade era a realização da Super Copa Reebok de Mountain Bike. Com o patrocínio da Reebok foram realizadas 3 etapas de cross country. O campeonato foi um sucesso. Muitos participantes, muito público e uma ótima premiação. Organizado pelo Sampa Bikers, tinha uma proposta diferente da Copa Directv de Mountain Bike amador, que estava em seu 4º ano, e era disputada no sistema maratona voltada para um público amador. A super copa Reebok foi direcionada para atletas não amadores. Uma das atrações do evento foi a presença ilustre dos integrantes do team Rock Shox Explores, o carismático Greg Herbold (ex-campeão mundial de downhill) e o suiço Hans Rei (Foto da direita – ex campeão mundial de trial).
No downhill, seguindo a onda de algumas provas na Europa, foi realizado na cidade histórica de Ouro Preto, em Minas Gerais, o Street DH. O percurso de 1850 metros, com um desnível de 300 metros, foi realizado em meio ao histórico calçamento da cidade.
Com a volta da Power Bar ao mercado nacional, após ser comprada pela Nestlé, o esporte teve uma nova fonte de apoio e uma das primeiras atitudes foi a formação de uma equipe de mountain bike constituída por 4 adolescentes carentes que se destacavam no cenário nacional: era a Sampa Bikers-Power Bar, composta por e Patrícia Sudário de Assis, Cássia de Oliveira (ambas do orfanato lar Nossa Senhora Aparecida) além de Messias Aparecido de Matos e Abílio Donizeti dos Passos (foto da esquerda – nomes em ordem da esquerda para direita).
A 5ª edição do campeonato Pan-americano de MTB acontecia no Brasil, na estância turística de Caxambu, onde os atletas brasileiros fizeram sua melhor participação na competição conquistando 13 medalhas, sendo 3 de ouro (Renato Seabra-Elite Masc, Albert Morgen-Sub 23, Oswaldo dos Santos-Master A), 5 de prata (Edvando Souza Cruz-Elite Masc., Ricardo Aliperti-sub 23, Juninho-elite down hill, Caio Salerno máster down hill, Érika Gramisceli-Fem. Junior), e 5 de bronze (Abraão Azevedo-elite masc, Kleber Nascimento-sub 23, Carlos Henrique Paixão-junior, Miguel Giovanini-Master A, Christian Wagner-downhill-junior).
Encerrando o ano, o já tradicional MTB 12 horas. Agora em novo local, o Serrazul, e com novo horário de largada: meia-noite. A prova, fortalecida com o patrocínio da Power Bar e da Reebok, ganhou status de mega-evento.
2002
O Mountain Bike feminino brasileiro ficava desfalcado, mas não por contusão, mas sim por uma boa causa. Com o objetivo de ganhar mais experiência, Jaqueline Mourão, ficou por um tempo na Suíça, no Centro de Ciclismo Mundial, na cidade de Aigle e depois seguiu para outro Centro de Ciclismo Mundial no Canadá. Hoje ela se casou com um canadense e reside por lá, mas sempre representado bem nosso país.
O ano também ficou marcado pela volta triunfal de Robson de Almeida, o “Urubu”, às competições de down hill, vencendo a abertura da Tríplice Coroa em Guarujá. Ele também foi vencedor no mais novo evento realizado no Brasil, o Desafio Internacional de Verão de Dual de MTB, no Ski Mountain Park em São Roque, evento transmitido ao vivo pela Rede Globo, popularizando ainda mais o esporte.
Como já era tradição ao longo desses anos, o campeonato de abertura do calendário nacional ficava ao encargo do Interestadual, que é o mais antigo campeonato do país e reúne sempre uma média de 600 participantes.
A novidade no ano foi à união das empresas Reebok e Power Bar no patrocínio de dois grandes eventos nacionais: A Super Copa Reebok Power Bar, que entrava em seu segundo ano. Com um formato diferente, as provas eram diferenciadas em cada uma de suas três etapas: Power Biker, Desafio Noturno e 12 horas, todas elas valendo pontos para o campeonato. E a Copa Ametur, que definitivamente com esses dois grandes patrocinadores se firmava de vez como um dos principais campeonatos do país. A pedido dos patrocinadores a montagem da arena do evento foi padronizada em ambos campeonatos. A diferença estava que no campeonato de São Paulo, a Super Copa, caracterizava-se por provas de endurance e o campeonato realizado em Minas, provas de cross country.
As grandes sensações da temporada foram duas provas válidas pela Super Copa, o Power Biker e o Desafio Noturno, disputadas pela primeira vez.
O Power Biker, realizado na cidade mineira de Passa Quatro, na Serra da Mantiqueira, vinha nos moldes do tradicional Iron Biker. Com dois dias de duração, o vencedor é definido através da soma dos tempos nos dois dias e não por pontos. Uma grande festa na simpática cidade, que ficava completa com a realização do primeiro down hill urbano realizado à noite, levando um grande público ao delírio total. Outra novidade nas competições nacionais e seguida hoje por muitas outras, foi a criação da categoria duplas.
Pela primeira vez no país acontecia uma prova de MTB totalmente à noite: o Desafio Noturno. Contando ainda com shows e muita festa na cidade de Caconde, interior de São Paulo, o evento foi um sucesso!
A Directv saía de cena, dando um susto nos amadores. Mas a Caloi assumiu o patrocínio do maior campeonato daquele ano no país e a Copa Directv que acontecia há 4 anos, deu lugar à Copa Caloi de MTB Amador. E em Campos do Jordão, o ex-mountain biker campeão brasileiro de 1994 , Erivan de Lima, organizava a primeira edição do Desafio da Mantiqueira.
No Sul a Volta de Santa Catarina de MTB se destacava ao ser incluída no calendário da UCI, tornando-se a primeira prova nacional a fazer parte desta instituição. Era o Brasil começando a ser reconhecido lá fora na organização de competições de MTB.
No campeonato brasileiro, Márcio Ravelli (foto da direita) e Adriana Nascimento (foto da esquerda)se consagravam mais uma vez campeões no cross country e o carioca Bruno Loureiro, falecido recentemente, levava no down hill.
Mas as provas mais esperadas do ano continuavam sendo o Iron biker e o MTB 12 horas, que tradicionalmente encerram as provas no país.
Entre os atletas um garoto com apenas 13 anos começava a se destacar e ainda hoje é talvez a nossa maior promessa: o jovem Henrique Avancini, de Petrópolis. Destaque na categoria pré-juvenil do campeonato brasileiro de 2002, pedala desde os 8 anos, sempre com apoio do pai, que é dono de uma loja de bike e também disputa as principais competições do país, o Rui Avancini.
No Feminino foi criada pela primeira vez no Brasil , uma equipe só com mulheres, era a Sampa Bikers-Power Bar, que neste ano foi formada por Érika Gramisceli, Rose Bueno (foto da esquerda) e Gabriela Moreli (foto da direita).
E no exterior, sofrendo com a falta de patrocínio para participar das principais competições internacionais, mas acreditando no intercâmbio e recursos próprios, Jaqueline Mourão e Markolf Berthold, eram os fiéis representantes do país junto ao mundo.
Na sexta edição do Pan-americano, realizado no Chile, o Brasil trouxe na bagagem 4 medalhas de ouro. No cross country com Márcio Ravelli na elite, Albert Morgen na sub 23 e Elvio Barreto na máster C. E no down hill o Markolf Berthold. Não foi só ouro que o Brasil trouxe. No cross country, ficaram com a medalha de prata Ricardo Aliperti na sub 23, Edvando e Jaqueline Mourão (elite), Daniel Rezende (junior) Robson Silva (máster A). E Cleber Guedes (master b) e Nataniel Giacomozzi, na categoria Junior do down hill, trouxeram o bronze.
2003
Pode-se considerar o ano de 2003 como o melhor ano do mountain bike no Brasil, tanto pela realização de excelentes eventos, resultados obtidos, divulgação na mídia não especializada e uma série de outros fatores que levou o mountain bike lá pra cima.
O ano começou com um novo evento: o Down Hill urbano de Santos, que acontecia pela primeira vez nas escadarias do Complexo Turístico do Monte Serrat. Também no down hill, o Desafio Internacional de Verão de Dual de MTB, no Ski Mountain Park, pelo segundo ano consecutivo, continuava fazendo o maior sucesso e Urubu se consagrava com ourta vitória.
A Copa Caloi ganhava status de festival e reunia uma média de 800 participantes por evento, nascendo aí o Caloi Bike Festival, envolvendo a Copa Caloi de MTB Amador, o Circuito Bike Action de Enduro, além de exposições, clínicas de mecânica e pilotagem, servindo de modelo para muitos eventos não só de mountain bike, mas também em outros esportes.
A Super Copa Reebok Power Bar de Mountain Bike, que seguia o modelo do ano anterior, vinha também muito fortalecida com mais investimentos dos patrocinadores, excelente premiação em dinheiro e muita estrutura para os atletas, com um diferencial da mesma premiação em dinheiro para as mulheres. Idem para a Copa Ametur, que com os mesmos patrocinadores reunia não só muitos competidores mais muito público nas provas.
A equipe feminina, única até hoje no mountain bike nacional, em seu segundo ano ficou muito mais forte com a entrada de Adriana Nascimento(foto da esquerda nº 1), que se juntou a Érika Gramisceli (foto da esquerda nº 2) e Gabriela Morelli (foto da direita). Elas venceram praticamente todas as provas no ano.
No Pan-americano de Mountain Bike que aconteceu na Colômbia, não só os brasileiros, mas todos os competidores sofreram com a lama, deixando a pista impraticável. Estavam em jogo as tão cobiçadas vagas olímpicas do cross country para Atenas em 2004 (duas vagas na elite masculina e uma no feminino). A Seleção brasileira foi formada na elite por Márcio Ravelli, Edvando Souza Cruz, Arlei Teixeira Domingues, Abraão de Azevedo, Albert Morgen e Tácio Camargo. Na elite feminina por Jaqueline Mourão, Érika Gramisceli, Roberta Kelly e Gabriela Morelli. Na sub 23, estavam Rick Aliperti, Tiago Aroeira e Kleber Nascimento. Na máster, tivemos Edu Ramires, Ricardo machado e Robson Silva. Na Junior o gaúcho Pablo Lucatelli e dos mineiros Danilo silva e Felipe Avelar, estreando em provas internacionais. No down hill elite fomos representados por Markolf Berchtold, Robert Sgarbi, Nataniel Giacomozzi e Marcos Lira. Na Junior por Volkmar Berchtold, Anderson Furlaneto e Guilherme Renke.
Markolf mais uma vez levou o ouro no downhill, repetindo o resultado de 2002 e no cross country somente o Edvando Souza Cruz, terminou a competição cruzando a linha de chegada correndo a pé, pois com aquele barro estava difícil pedalar.
No campeonato brasileiro Markolf Berchtold, no down hill, conquistava seu primeiro título brasileiro na Elite. E no cross country, que também foi disputado em etapa única, teve como vencedores Márcio Ravelli e Jaqueline Mourão.
Nos Jogos Pan-americanos de San Domingos, Edvando Souza Cruz ganhava a medalha de prata e foi recebido com festa em Ilhabela.
Em Campos do Jordão o Desafio da Mantiqueira vinha para seu segundo ano de competição fazendo o maior sucesso e o Iron Biker atingia a marca dos 1100 participantes com um título inédito de Odair Pereira e o Tetra de Jaqueline Mourão.
No vale do Paraíba o Big Biker, que havia começado no ano de 2001 de brincadeira entre 11 amigos, se firmava como um grande evento com dois dias de duração.
No MTB 12 horas, com uma super estrutura até então ainda não vista em provas nacionais, teve como atração um dos grandes mitos do MTB mundial, o americano Tinker Juarez, que venceu na categoria solo.
E encerrando a temporada, em São Roque, no tradicional Desafio Internacional de Verão de MTB 4 X, realizado , que novamente era transmitido ao vivo pela TV Globo, durante o programa Esporte Espetacular, Urubu levava o título pela terceira vez.
2004
O Sucesso dos eventos no ano anterior não se repetiu em 2004. E o estado de São Paulo quem mais perdeu.
A Copa Caloi que vinha num sucesso crescente reunindo até 800 ciclistas em uma etapa, não foi realizada após a retirada do patrocínio da Caloi, que preferiu investir mais no mercado de corridas de aventura, encerrando uma fase de muito sucesso e deixando os mountain bikers paulistas muito tristes. Também em São Paulo a Power Bar retirou o patrocínio da Super Copa, terminando assim outra copa de enorme sucesso.Outro grande evento que deixou de ser realizado neste ano, também devido ao corte do patrocínio da Power Bar foi o Desafio Noturno de Mountain Bike, que fazia parte também de umas das etapas da Super Copa. São Paulo e o Brasil perdia com isso importantes eventos. Restava para os paulistas o tradicional campeonato Interestadual, que mesmo com pouco apoio nos patrocínios reunia muitos participantes , o Big Biker, que realizado na raça pelo Gonga, ganhava a simpatia e confiança dos ciclistas e o Desafio da Mantiqueira, que chegava em seu terceiro ano fazendo muito sucesso.
Com isso a Copa Ametur, em Minas Gerais, que conseguiu segurar seus grandes patrocinadores, seguiu como o principal campeonato do país.
No nordeste grades desafios para o mtb, no Raly Cerapió, em meio a carros e motos, o mountain bike reunia representantes de vários estados brasileiros neste super desafio. E no Bike Race Across , disputado no Parque nacional da Serra da Capivara terminava em tragédia com o falecimento da ciclista Dayane Rita de Moura.
Mesmo com a não realização de importantes provas, o ano teve um ponto positivo. Novas competições, como o The Rock , GP Márcio Ravelli e Maratona dos Canaviais em São Paulo , Inox Bikers o Race das Meninas em Minas Gerais apareceram. As competições Volta de Santa Catarina, Power Biker e Copa Ametur, tiveram pontuação pela UCI, ajudando bastante os atletas a conseguirem uma vaguinha para as Olimpíadas da Grécia, onde fomos representados por Jaqueline Mourão (18º) e Edivando Souza Cruz (33º).
No Pan Americano que foi realizado na cidade de Baños, no Equador, o Brasil faturou três medalahas de ouro. No downhill, o catarinense Markolf Berchtold venceu na categoria elite e o carioca Marcos Lira na Máster. No cross Country, o paulista Eduardo Ramires, também garantiu o lugar mais alto no podium.
No Mato Gorso do Sul, acontecia os Jogos de Aventura do Pantanal, reunindo seis modalidades de esportes. No cross country, Alberty Morgen foi o vencedor e Abraão Azevedo faturou no mountain bike criterium realizado nas quentes ruas da cidade de Corumbá.
No campeonato brasileiro, o paulista Edivando Souza Cruz e a mineira Érika Gramisceli faturaram o título do cross country, na categoria elite, inédito em suas carreriras. Edivando também se consagrava campeão brasileiro de maratona juntamente com a Gabriela Moreli. No downhill Juninho e Patrícia Loureiro levavam o título.
Enquanto em minas o Iron Biker reunia novamente uma multidão de ciclistas em um final de semana de botar inveja. Em São Paulo o 12 horas era disputado em baixo de muita chuva e muito barro, durante toda a prova, onde no feminino uma estrangeira vencia pela primeira vez, a americana Kely Emmet.
Encerrando o ano o chileno Sebastian Vasquez levou a melhor em São Roque e quebrou a invencibilidade de Robson dos Santos, o Urubu, no Desafio Internacional de Verão de 4 x.
2005
Em 2005 o mountain bike no Brasil chegou ao ápice após a realização pela primeira vez na América Latina de uma etapa da World Cup.Foram cinco dias de provas inesquecíveis, um verdadeiro sucesso, uma verdadeira festa, concretizada com as excelentes performancesde Markolf Bertchtold que ficou em 2º no down hill e Jaqueline Mourão em 4º., em seu melhor resultado em Copa do Mundo.
Nas provas nacionais o calendário praticamente foi o mesmo do ano anterior, a única alteração foi que a Copa Ametur passou a se chamar Copa Internacional Power Bar Reebok.
Novidade eventos foi a realização de mais um down hill urbano noturno, seguindo o sucesso do Power Biker downhill em Passa Quatro, o Red Bul Desafio dos Profetas, foi realizado paralelo a final da Copa Internacional Power Bar Reebok. E também o Natura kaiak de MTB trip Trail, atualmente Pegeut Trip Trail, uma prova de longa distância que foi realizada entre Campos do Jordão a Parati.
No campeonato brasileiro, Márcio Ravelli faturou mais uma no corss country e comprovou ser uma lenda no esporte, conquistando pela décima vez o título de campeão brasileiro. No feminino o título ficou para Jaqueline Mourão. No down hill o título ficou para o catarinense Felipe Wermuth e na elite feminino a Patricia Loureiro levou seu sexto título. No brasileiro de maratona, o título ficou com Abraão de Azevedo e Érika Gramiscelli.
No Iron biker, a prova teve uma vitória inédita de uma estrangeira, a norte –americana kelli Emmett, a mesma que venceu o 12 horas no ano anterior. Também em Minas, a Copa Internacional, realizou pela primeira vez o Desafio Estrada Real de Maratona, prova válida pela Copa Internacional. E na prova que encerra o calendário nacional , o MTB 12 horas, completava 10 anos e com muita festa e muitas estrelas do esporte encerrou o ano com chave de ouro.
2006
Interestadual, Cerapió, DH Urbano de Santos, como de tradição, dão início ao calendário de provas no Brasil.
Pela primeira vez é realizado o GP Ravelli de Maratona, que aconteceu em Itu e teve a vitória do Edvando Souza Cruz e da Débora Rezende.
Outro evento que ganhou destaque foi o Red Bull Desafio da Mina, uma das maiores e mais impressionantes provas de Down Hill já realizadas no Brasil. O trajeto de pouco mais de 650 metros seguia por uma mina.
Em minas, o Power Biker que era até então realizada em dois dias, inovou, com mais uma etapa a noite, realizada na sexta-feira.
A Copa Internacional pela primeira e única vez,faz etapa em SP, na cidade de Socorro com intuito de conquistar o público paulista, mas não repete o sucesso das provas realizadas em Minas.
Sem as provas de Cross Country, World Cup é realizada pela última vez no país, novamente em Caboriu (SC) apenas com as provas de Down Hill e Four Cross.. Também em Caboriu, foi realizado o campeonato Pan Americano de Mountain Bike.
Em novembro, paralelo ao MTB 12 horas, aconteceu a primeira edição da Bike Expo Brasil, uma feira de negócios, somente de bicicletas.
2007
O ano começa com a conquista de Markolf, no campeonato Argentino de DH e o pentacampeonato Panamericano. De quebra, a merecida prata de Nataniel Giacomozzi, também no PAN
Ainda no Pan da Argentina, o Brasil conquista da vaga para Pequim no cross country masculino
O Brasil tem um novo campeão brasileiro de Mountain Bike. O mineiro Rubens Donizete conquistou o título do Campeonato Brasileiro de Mountain Bike, disputado em Ouro Preto-MG.
O Power Biker reúne mais de 800 participantes em Passa Quatro e o Fast Down Hill passa a se chamar Bike Action Fast Down Hill e mais uma vez reúne um grande público.
O Iron Biker completa 15 anos e em comemoração realiza uma prova noturna na sexta feira a noite.
Após três anos sem ser realizada por falta de patrocínio a Copa Amadora, antiga Copa Directv e Copa Caloi, retorna ao calendário de provas com a nova nomeclatura de Copa Sampa Bikers de Mountain Bike Amador, realizada no mesmo formato com três etapas em percursos no estilo Trip Trail.
A cidade mineira de Timóteo, no Vale do Aço, recebeu mais uma edição da maratona de mountain bike Inox Bike, competição patrocinada anualmente pela Siderúgica Acesita e que vale pontos para o ranking nacional e internacional da UCI na classe E2.
Big Biker começa a reunir muitos participantes em todas etapas e realiza uma prova de dois dias, o Big Biker Super Edition.
Em Santa Catarina o Mountain Bike foi uma das modalidades no Jogos da Natureza.
A prova do ano aconteceu no Rio de Janeiro, acontece os Jogos Pan Americanos. E o Brasil é representado no Mountain Bike por Jaqueline Mourão no feminino e no masculino Ricardo Pscheidt e Rubens Donizete que conquistou a medalha de prata.
Uma nova competição começa fazer sucesso em São Paulo, a Copa Endurance.
A Copa Internacional, reúne na última etapa, que é disputada em maratona, mais de mil competidores.
O MTB 12 horas, completa, 12 anos em grande estilo realizando o melhor 12 horas de todos os tempos.
2008
A grande novidade do ano nas competições é a realização pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, de uma prova de mountain bike com 24 horas de duração. A competição foi vencida pelo Chileno Waldo Patrício e Roberta Kely na categoria solo.
Em Santa Catarina, na cidade de São Bento do Sul, aconteceu talvez o melhor campeonato brasileiro de todos os tempos.
Mas a expectativa ficou nas provas seletivas para as Olimpíadas de Pequim, que definiu Rubens Donizete e Jaqueline Mourão os representantes da modalidade.