Desde os tempos mais remotos, o homem buscou maneiras de se locomover com mais eficiência e rapidez. Ao longo do tempo, a procura fascinou gerações de cientistas e inventores seduzidos pela idéia de obter não apenas um veículo de transporte mas, também, um instrumento de liberdade, capaz de desbravar novos mundos. Sob este fascínio, a história mostra inúmeras tentativas de desenvolvimento de um veículo de duas rodas movido a força humana. Os primeiros documentos destas tentativas datam dos séculos XV e XVI. São estudos de máquinas pesadas e desajeitadas, movidas por complexos mecanismos de correntes, alavancas e outros dispositivos que procuravam dar vida a um veículo sem igual.
Um dos esboços mais notáveis é o do artista e inventor Leonardo da Vinci, que registrou suas idéias em cerca de 700 páginas, guardadas até hoje no Museu de Madri. Nele, da Vinci traça os primeiros conceitos de transmissão de força através de correntes, princípio que ainda hoje é utilizado em todas as bicicletas.
A magrela, porém, só veio a tomar forma em 1790, quando o conde Méde de Sivrac, da França, construiu o primeiro veículo movido a duas rodas, dando início oficial à história da bicicleta. O nome, no entanto, era outro: celerífero, derivado das palavras latinas celer (rápido) e fero (transporte).Tratava-se de um veículo muito primitivo, em que as duas rodas eram ligadas por uma trave de madeira e movidas por impulsos alternados dos pés sobre o chão.
Mais tarde, o barão alemão Karl Friederich von Drais adaptou uma direção ao celerífero e, no dia 5 de abril de 1816, apresentou seu invento, batizado de Draisiana, no Parque de Luxemburgo. Com ele, von Drais percorreu o trajeto entre Beaun e Dijon, na França, numa velocidade média de 15 km/h, registrando assim o primeiro recorde ciclístico da história.
Poucos anos depois, em 1820, o escocês Kikpatrick McMillan desenvolveu novas soluções para o veículo, adaptando ao eixo traseiro duas bielas, ligadas por barras de ferro que funcionavam como um pistão, acionadas pelos pés. Dessa maneira, era possível girar as rodas traseiras, possibilitando que o condutor tirasse os pés do chão para se movimentar.
Claro que o veículo era ainda muito rudimentar e oferecia dificuldades de equilíbrio e muito desconforto para movimentar os pedais. Mas a partir daí a bicicleta encontrou seu caminho definitivo. Uma sucessão de fatos, na segunda metade do século XIX, consolida a bicicleta como veículo de transporte, lazer e prática esportiva.
1790
Conde Méde de Sivrac, da França, construiu o primeiro veículo movido a duas rodas, o “Celerífero” dando início oficial à história da bicicleta
1820
1º protótipo de uma bicicleta infantil do mundo, a “Draisiana Infantil”.
1855
O Francês Ernest Michaux e seu filho inventam o Velecípede. Ele introduziu os 1º pedais colocados na roda dinateira, no entanto o veículo mostrou-se muito pesado para seu propósito.
1868
Primeira prova masculina com biciclos, vencida pelo inglês James Moore, no Parque Saint Cloud, em Paris.
Primeira prova feminina, ocorrida no Parque Bordelais, em Paris, no dia 1 de novembro.
1869
Biciclo Guilmet & Mayer, considerado por alguns pesquisadores como a primeira forma de bicicleta do mundo
1877
Rouseau apresenta um dispositivo que, por meio de duas correntes, multiplicava o giro da roda dianteira.
1880
Vicent, parisiense, constrói a primeira bicicleta com transmissão aplicada ao cubo da roda traseira.
1884
Na Inglaterra, Thomas Humbert inventa o quadro de quatro tubos, utilizando caixas de centro com esferas. Na Itália, o esporte se desenvolve através do Veloce Club de Firenze, que organiza a primeira corrida de bicicletas, no dia 2 de fevereiro, num circuito de 33 quilômetros. O jovem van Heste Rynner, é o vencedor.
1889
Aparecimento do primeiro câmbio com acionamento através de alavanca, na Alemanha, por Johann Walch.
1895
Primeira bicicleta acionada através de eixo Cardan, na França.
1899
Os jornalistas Papilaud e Leroy fazem a “Volta ao Mundo em Bicicleta”, sem nenhuma moeda no bolso.