Em 1972, surgia a “Caloi 10″, a primeira bicicleta com marchas produzida e comercializada no Brasil, fixou de tal forma na cabeça de todos a imagem do produto, que durante por muito tempo, qualquer bicicleta com marcha, seja ela de que marca fosse, era chamada de Caloi 10.
Uma história assim parece com aquele de chegar em uma copiadora para tirar um XEROX. Uma verdadeira façanha comercial onde a Caloi institucionalizou a marca como sinônimo de modelo.
Quase duas décadas depois, no ano de 1990, a Caloi 10 muda para 12. As mudanças nela foram muito grandes. Todos os componentes eram bem superiores aos da Caloi 10. O quadro era o mesmo com algumas pequenas modificações, não mudando a sua alma.
Como na antiga Caloi 10 o tamanho era único.
Caloi promove “revival” de um dos ícones dos anos 70 e lança a Caloi 10 em versão 2005
A onda retrô está na moda. Ícones dos anos 70 e 80, que ficaram na lembrança de milhares de brasileiros, como novelas, artistas, campanhas publicitárias e produtos estão retornando com força total.
Quem não se lembra dos seriados “As Panteras”, do nacional “Vila Sésamo”, de do até então novato John Travolta, nos “Embalos de Sábado à Noite”, do movimento negro ( Black is beautifull) e de suas cabeleiras “ black powe r”, das camisas abertas e calças boca de sino e dos “Jackson Five”, das meias lurex brilhantes que circulavam pelas discotecas combinadas com sandálias de saltos altíssimos, de brincar com o boneco “Falcon Olhos de Águia”, e, finalmente, da primeira bicicleta de marcha que acabou virando uma febre , a Caloi 10 .
Pensando nesta valorização do passado e também de olho nos jovens que não vivenciam este saudosismo, mas que testemunham a grande retomada do ciclismo e das bicicletas speed , a Caloi – principal marca fabricante de bicicletas no Brasil- relança a Caloi 10 , com o mesmo visual “clássico”, mas com os componentes modernizados e mais velocidades.
A Caloi 10 , que faz parte da linha Caloi 2005, ganhou uma evolução e terá 12 velocidades, quadro em alumínio com design sloping, pneus aro 700 e sistema de freio em alumínio!
Embora a Caloi 10 seja direcionada para o lazer, ciclistas que querem experimentar o gosto pelo esporte de velocidade encontrarão nela o produto ideal para começar suas primeiras pedaladas esportivas, com a vantagem de ter um preço mais acessível do que as bicicletas desta modalidade existentes no mercado, podendo inclusive, fazer upgrades no equipamento.
A pioneira
Por Rafael Zimmermann – http://camisaamarela.com/
Primeira bicicleta de estrada de muitos praticantes de ciclismo no Brasil, a Caloi 10 foi uma bicicleta que marcou época, pois além de ser a primeira bicicleta de estrada nacional, foi a grande porta de acesso ao então restrito mercado de bicicletas de estrada, também foi a primeira bicicleta de estrada de muitas pessoas, inclusive desse que vos escreve.
Nos anos 70, a Caloi contava com uma Fábrica em São Paulo (na avenida Guido Caloi) e posteriormente uma em Manaus (inaugurada no começo dos anos 80), quando uma empresa Norte Americana de bicicletas, o qual em meados dos anos 70 estava aquecido, ao descobrir que no Brasil existia uma fábrica de bicicletas, enviou um representante ao Brasil para negociar a produção e exportação para os Estados Unidos de bicicletas “tipo esportiva”. A principio, a demanda para os Estados Unidos foi atendida, e as bicicletas exportadas sobre o nome de World’s Cycles (eram bicicletas Japonesas), que a empresa Brasileira importava e revendia a empresa Norte-Americana.
Porém, algum tempo depois, esse contrato foi desfeito, e aí a fábrica Brasileira se viu em problemas, com uma série de peças e quadros japoneses de bicicletas “tipo esportiva” sobrando, sem ter um destino ou um público consumidor.
Em busca de uma solução, o Senhor Bruno Caloi, convocou uma reunião com os principais setores da industria a época, para que, através dessa um destino fosse dado as peças que lá estavam paradas. Um dos primeiros a dar opinião, foi Antonio Carlos Alves, o Popular Bisckuy, que além de funcionário do departamento de marketing da Caloi por anos, foi assessor de imprensa da Federação Paulista de Ciclismo, cobriu a modalidade para grandes meios de imprensa a época, além de ser entusiasta e incentivador da modalidade, fazendo com que muitas pessoas iniciassem e apaixonarem-se pela prática do belo esporte chamado ciclismo (esse que vos escreve é um dos que se apaixonou pelo esporte por culpa dele).
A sugestão do Bisckuy foi a de usar o material que estava lá parado e colocar uma bicicleta similar as bicicletas profissionais, porém muito mais acessíveis no mercado e fazer o teste. Uma vez que o material estava lá, não custava nada tentar. Que os departamentos envolvidos com desenvolvimento de produto e vendas deveriam unir forças para que houvesse a tentativa de emplacar o produto. O nome Caloi 10 surgiu na mesma reunião pelo Senhor Antonio Ciardi, que trabalhava também no Departamento de Marketing da empresa, assim como o criador da primeira identificação visual da Caloi, o Senhor José Coco, também responsável pelo bordão “Não esqueça a minha Caloi” e pelo Caloizinho.
Uma vez com o protótipo da bicicleta pronto, elaborado sob a responsabilidade de Claudio Rosa (que além de um grande ciclista foi gerente industrial da Caloi por anos), a vitrine do Mappin, até então maior loja de departamentos da Cidade de São Paulo, foi a escolhida para receber o protótipo, devido ao ponto estratégico em que a loja situava-se, bem no centro de São Paulo, com alto fluxo de pessoas. Nessa vitrine, foi criado um cenário similar a uma estrada, no qual o protótipo da então desconhecida Caloi 10 como o principal destaque, além de algumas camisas de ciclismo da forte equipe Caloi, capacetes para dar um clima de competição a vitrine mais cobiçada da Cidade de São Paulo.
Lançamento feito, na primeira semana de vendas as 300 bicicletas produzidas foram vendidas rapidamente, o que gerou uma fila de espera para que as pessoas tivessem a chance de adquirir uma bicicleta similar a dos grandes Campeões, porém com um preço bem abaixo das bicicletas profissionais. Tempos depois apareceram Monark, Brandani e Peugeot 10, também produzidas no Brasil, porém não obtiveram o mesmo sucesso estrondoso (entre tantos outros da Caloi) da pioneira das bicicletas “tipo competição”, a qual milhares de unidades foram vendidas, além de ser um objeto de desejo de muitas pessoas á época. Da Caloi 10 foram derivadas alguns outros modelos, Sportissíma, Sprint 10, Caloi 12 e Triathlon, além da Caloi 5 que era a versão menor da 10. A Caloi 10 e suas derivações foram produzidas até o início dos anos 90, onde foram descontinuadas para tempos depois chegar a “Super Italy”. No final da década de 2000, a Caloi 10 voltou a ser produzida, porém com uma proposta moderna, com o quadro em alumínio, e 14 velocidades.
Esse texto além de trazer um pouco da história de um ícone das bicicletas nacionais de todos os tempos, é uma homenagem a todos que ao seu modo fizeram essa e tantas outras histórias da Caloi, enquanto “Capitaneada” pelo Sr. Bruno e porque não da bicicleta no Brasil acontecer, e principalmente ao grande “idealizador” do projeto Caloi 10, o popular Bisckuy.