Os portugueses sentem-se muito orgulhosos de ser, desde as origens o povo mais ligado à cultura do Caminho de Santiago, e de possuir uma grande variedade de rotas para encaminhar-se ao Apóstolo. Essa forte aderência do culto português ao Apóstolo Santiago exprime-se nas igrejas românicas que situam pelo caminho. Não só o estilo é que tem ligação com a peregrinação jacobea, mas também as albergarias, hospitais e templos dedicados ao apóstolo.
O culto português dedicado ao Santo repercutiu também nas tradições populares sobre a pregação local do Apóstolo e o translado do seu corpo até a península (leia sobre o Traslatio no quadro).
Reis e Rainhas portuguesas sempre mostraram o interesse da corte, empreendendo pessoalmente a peregrinação ao túmulo do apóstolo. O primeiro foi D. Afonso II, em 1220. Em 1225, depois da morte de D. Dinis, a Rainha Santa Isabel peregrina a Santiago. Lassota de Steblovo em 1581 e Leão de Rosmithal em 1446 saem do Porto passam por Braga e Ponte de Lima, um caminho que ainda hoje os peregrinos trilham. Portugal sempre esteve ligado ao Caminho de Santiago. A lenda do Galo de Barcelos, o símbolo de Portugal, está ligada à peregrinação jacobéia, assim como o símbolo, a Vieira, que foi instituído a partir de um fato ocorrido com um cavaleiro português de Maia.
Mas entre todos assume particular relevo a estrada real Porto-Barcelos-Valença, conhecida também como Caminho do Lima, onde confluem quase todos os demais, reforçando este percurso como a espinha dorsal dos caminhos portugueses de Santiago.
Para realizar este sonho, ao mesmo tempo em que é importante um bom preparo físico e mental é necessário um trabalho de consciência e ambientação com a rota, lendo sobre a história do caminho, buscando informações e conhecendo a experiência de outros peregrinos.
Não existe um caminho oficial para Santiago de Compostela, o Caminho Francês é o mais famoso e também o mais procurado principalmente pelos brasileiros devido ao famoso livro de Paulo Coelho. Mas todos os caminhos vão dar a Santiago e privilegiado é quem mora no Caminho de Santiago.
Uma coisa eu concluí: O Caminho Português é muito mais bonito que o tão famoso Caminho Francês.
PEREGRINAÇÃO
A peregrinação é um ato essencialmente religioso. A arte e a paisagem do Caminho de Santiago, além de outros valores ligados à Rota Compostelana como a solidariedade ou a auto-superação, contribuem em boa medida a engrandecer esta dimensão espiritual.
No entanto, ao longo dos séculos, o Caminho também gerou uma extraordinária vitalidade cultural e socioeconômica, que transformou esta via de peregrinação num espaço aberto ao encontro cultural entre os diversos povos, motivo pelo qual foi declarado Primeiro Itinerário Cultural Europeu pelo Conselho de Europa.
Entre os cristãos, as peregrinações mergulham as suas raízes no Antigo Testamento, no Êxodo do povo eleito para a Terra Prometida. Jesus Cristo peregrinou também a Jerusalém. E a igreja, que desde os primeiros tempos promove o culto dos lugares santos, fomenta também as Peregrinações. Jerusalém, Roma e Santiago foram grandes centros da cristandade que mobilizam gerações de peregrinos, como ainda acontecem com Lourdes, Fátima e Aparecida do Norte.
Mas se Jerusalém e Roma foram os grandes pólos de difusão do cristianismo, o primeiro por ser a Cidade Santa onde o filho de Deus se entregou para redimir a Humanidade e o segundo pela sua distinção como solo Pontifício, a Santiago de Compostela cabe o privilégio de ter sido ao longo de todo o segundo milênio, a grande confluência da rede viária européia onde correu a pregação do Evangelho, que é a base civilizacional do velho continente.
Santiago de Compostela
Santiago foi durante a Idade Média, a zona mais antiga, mais concorrida e mais celebrada de todo o noroeste peninsular.
Jerusalém e Roma, talvez, mais importantes como grandes centros de cristandade e locais de peregrinações.
Santiago, porém assemelhando-se a essa grandeza, ultrapassou-a e foi superior. Os romanos apelidavam de “finisterra”, um só caminho, uma só estrada, um só roteiro.
Foram pelo caminho de Santiago que circularam rainhas, príncipes, pintores, artistas, trovadores e jograis, as cantigas milagreiras, os romances heróicos, as narrativas e as lendas que encheram a geografia literária medieval.
Toda a paisagem física, monumental e humana rimou pelo eco dos peregrinos, pela andadura dos viajante, pelos bordões dos romeiros. Por montes inóspitos, pontes e vales, construiu-se uma nova Europa, uma nova sociedade. Mais ainda deu-se um espírito ecumênico a humanidade que só tinha o ponto de apoio uma Vieira, uma sacola e um cajado e também uma fé imensa nesses caminhares inseguros até a morada eterna.
O Caminho de Santiago significou na história do Ocidente uma das mais importantes vias de peregrinações e intercâmbios da cultura. Todos os países da Europa medieval contribuíram ativamente para sua criação e na realidade nenhuma nação lhe é historicamente estranha.
Rota Portuguesa do Caminho de Santiago de Compostela
Os portugueses sentem-se muito orgulhosos de ser, desde as origens o povo mais ligado à cultura do Caminho de Santiago, e de possuir uma grande variedade de rotas para encaminhar-se ao Apóstolo. Essa forte aderência do culto português ao Apóstolo Santiago exprime-se nas igrejas românicas que situam pelo caminho. Não só o estilo é que tem ligação com a peregrinação jacobea, mas também as albergarias, hospitais e templos dedicados ao apóstolo.
O culto português dedicado ao Santo repercutiu também nas tradições populares sobre a pregação local do Apóstolo e o translado do seu corpo até a península (leia sobre o Traslatio no quadro).
Reis e Rainhas portuguesas sempre mostraram o interesse da corte, empreendendo pessoalmente a peregrinação ao túmulo do apóstolo. O primeiro foi D. Afonso II, em 1220. Em 1225, depois da morte de D. Dinis, a Rainha Santa Isabel peregrina a Santiago. Lassota de Steblovo em 1581 e Leão de Rosmithal em 1446 saem do Porto passam por Braga e Ponte de Lima, um caminho que ainda hoje os peregrinos trilham. Portugal sempre esteve ligado ao Caminho de Santiago. A lenda do Galo de Barcelos, o símbolo de Portugal, está ligada à peregrinação jacobéia, assim como o símbolo, a Vieira, que foi instituído a partir de um fato ocorrido com um cavaleiro português de Maia.
Mas entre todos assume particular relevo a estrada real Porto-Barcelos-Valença, conhecida também como Caminho do Lima, onde confluem quase todos os demais, reforçando este percurso como a espinha dorsal dos caminhos portugueses de Santiago.
Para realizar este sonho, ao mesmo tempo em que é importante um bom preparo físico e mental é necessário um trabalho de consciência e ambientação com a rota, lendo sobre a história do caminho, buscando informações e conhecendo a experiência de outros peregrinos.
Não existe um caminho oficial para Santiago de Compostela, o Caminho Francês é o mais famoso e também o mais procurado principalmente pelos brasileiros devido ao famoso livro de Paulo Coelho. Mas todos os caminhos vão dar a Santiago e privilegiado é quem mora no Caminho de Santiago.
Uma coisa eu concluí: O Caminho Português é muito mais bonito que o tão famoso Caminho Francês.
PEREGRINAÇÃO
A peregrinação é um ato essencialmente religioso. A arte e a paisagem do Caminho de Santiago, além de outros valores ligados à Rota Compostelana como a solidariedade ou a auto-superação, contribuem em boa medida a engrandecer esta dimensão espiritual.
No entanto, ao longo dos séculos, o Caminho também gerou uma extraordinária vitalidade cultural e socioeconômica, que transformou esta via de peregrinação num espaço aberto ao encontro cultural entre os diversos povos, motivo pelo qual foi declarado Primeiro Itinerário Cultural Europeu pelo Conselho de Europa.
Entre os cristãos, as peregrinações mergulham as suas raízes no Antigo Testamento, no Êxodo do povo eleito para a Terra Prometida. Jesus Cristo peregrinou também a Jerusalém. E a igreja, que desde os primeiros tempos promove o culto dos lugares santos, fomenta também as Peregrinações. Jerusalém, Roma e Santiago foram grandes centros da cristandade que mobilizam gerações de peregrinos, como ainda acontecem com Lourdes, Fátima e Aparecida do Norte.
Mas se Jerusalém e Roma foram os grandes pólos de difusão do cristianismo, o primeiro por ser a Cidade Santa onde o filho de Deus se entregou para redimir a Humanidade e o segundo pela sua distinção como solo Pontifício, a Santiago de Compostela cabe o privilégio de ter sido ao longo de todo o segundo milênio, a grande confluência da rede viária européia onde correu a pregação do Evangelho, que é a base civilizacional do velho continente.
Santiago de Compostela
Santiago foi durante a Idade Média, a zona mais antiga, mais concorrida e mais celebrada de todo o noroeste peninsular.
Jerusalém e Roma, talvez, mais importantes como grandes centros de cristandade e locais de peregrinações.
Santiago, porém assemelhando-se a essa grandeza, ultrapassou-a e foi superior. Os romanos apelidavam de “finisterra”, um só caminho, uma só estrada, um só roteiro.
Foram pelo caminho de Santiago que circularam rainhas, príncipes, pintores, artistas, trovadores e jograis, as cantigas milagreiras, os romances heróicos, as narrativas e as lendas que encheram a geografia literária medieval.
Toda a paisagem física, monumental e humana rimou pelo eco dos peregrinos, pela andadura dos viajante, pelos bordões dos romeiros. Por montes inóspitos, pontes e vales, construiu-se uma nova Europa, uma nova sociedade. Mais ainda deu-se um espírito ecumênico a humanidade que só tinha o ponto de apoio uma Vieira, uma sacola e um cajado e também uma fé imensa nesses caminhares inseguros até a morada eterna.
O Caminho de Santiago significou na história do Ocidente uma das mais importantes vias de peregrinações e intercâmbios da cultura. Todos os países da Europa medieval contribuíram ativamente para sua criação e na realidade nenhuma nação lhe é historicamente estranha.
Mais fotos
Bicicleta
Roteiro
Dia a dia:
1º dia – Chegada na cidade do Porto. Jantar e hospedagem em Hotel na cidade do Porto.
2º dia – Porto/Vilarinho/Barcelos -51 km
3º dia – Barcelos/Ponte de Lima – 30 km
4º dia – Ponte de Lima/Valença – 38 km
5º dia – Valença/Redondela/Ponte Vedra – 47 km
6º dia – Ponte Vedra/Caldas de Rei/Padrón/Santiago – 61 km
7º dia – Dia livre em Santiago de Compostela.
8º dia – Partida de Santiago de Compostela
Relato de nossa última cilcoviagem pelo Caminho Português
1º dia – Porto – Bagagem extraviada:
Nossa chegada à cidade do Porto foi marcada pelo extravio da mala-bike do Mauricio, um susto que só foi passar no final da noite quando a companhia aérea entregou a bagagem em nosso hotel.
Boa coincidência – Encontramos o Pedro Carvalho (Ex-editor da Revista Bike Magazine de Portugal) e sua nova esposa a canadense Janet e também em viagem por Portugal o Carlos Rezende e sua esposa. Tanto o Carlos como o Pedro estiveram presentes em nossa primeira peregrinação de bike pelo Caminho de Santiago no ano de 2000
2º dia – Primeiro dia de pedalada –
Porto a Braga – 75 km Chuva e frio:
Nosso primeiro dia de pedalada foi marcado pelo mau tempo, uma fina e fria garoa nos acompanhou até o final da primeira etapa até a cidade de Braga.
Nossa saída que estava prevista para as 10 h, acabou atrasando e muito, devido aos reajustes que tivemos que fazer em nossas bikes. Carimbamos os passaportes de peregrinos e iniciamos nossa tão esperada pedalada.
O ponto de partida foi naturalmente, a Catedral da Sé. Esta primeira etapa percorre muitos quilômetros em uma área urbana, atravessando as cidades do Porto e Maia, por pontos de grande importância turística, mas com um tráfego intenso onde foi necessária uma grande atenção.
Do largo da sé é possível avistar as setas amarelas que indicam o Caminho de Santiago, em alguns trechos a seta desaparece, por isso é importante ter sempre em mãos um mapa de Portugal e principalmente da cidade do Porto.
Descemos uma escadaria até a Rua Escura e à Rua da Banharia, pequenas ruas medievais, atravessamos a movimentada Rua Mouzinho da Silveira e das Flores e pela Rua dos Caldeireiros chegamos ao Campo dos Mártires Pátria, antiga Cordoaria. À direita, bem perto, será possível ver a Torre dos Clérigos. Atravessa-se o Campo, na Igreja do Carmo entra na Rua Cedofeita, uma das principais ruas.
Comerciais do Porto, percorrendo a na sua totalidade até a Ramada Alta.
Visitamos também a igreja de Nossa Senhora da Lapa, onde estão depositadas as cinzas de Pedro Álvares Cabral. A procura das setas amarelas demoramos a atravessar a área urbana. A cada quilômetro percorrido adentrávamos por pequenos vilarejos sempre acompanhados por belas paisagens, mesmo com a chuva! Até então estávamos só pedalando no asfalto e foi gostoso, apesar de puxado, quando entramos em uma estrada de terra. Estrada de terra, estradinhas estreitas asfaltadas, trilhas, passamos por todo tipo de situação, todo tipo de terreno. Por volta das 15 hs fizemos uma parada para almoço, onde comemos um saboroso bacalhau grelhado, foi ótimo. Nesse momento tínhamos percorrido apenas 30 km, nem a metade do primeiro dia. A princípio estava tranqüilo porque até as 21 h ainda é dia por aqui. Só que as subidas começaram a apertar, o Sr Olavo teve problemas com o pneu, furando duas vezes e o Hauser bastante destreinado começou a sentir câimbras e reclamando do cansaço. Resumindo, chegamos a Braga as 21 h, nem chegamos ao centro da cidade, paramos no primeiro Hotel que vimos o Confort Inn. O Márcio e o Sr. Olavo seguiram para o Hotel para conseguir os lugares para nossa hospedagem, enquanto eu e o Maurício esperamos o Hauser na beira da estrada, isso levou meia hora. Seguimos para o Hotel e tivemos a notícia que não tinha vaga lá e em nenhum hotel da cidade, pois a cidade estava em festa. Graças à boa vontade do recepcionista, Sebastião que conseguiu um quarto em uma pensão da cidade. Chegamos lá as 22 h, 10 horas de pedal, nunca tinha feito isso antes, foi cansativo. Banho tomado saímos à procura de um lugar para comer, foi difícil mais conseguimos. O Susto – Famintos, comemos muito rápido e uma comida bem pesada, um erro. Nessa o Maurício começou a reclamar que não estava bem e desmaiou, para susto de todos. O Hauser que é médico, rapidamente socorreu-o. Alguns segundos depois ele voltou ao normal, mas soando muito. Tudo isso por comer rápido de estômago vazio.
Nesse dia tivemos um aprendizado em viagens de bike:
1 – Quando viajar se informar de feriados e festas regionais.
2 – Nunca comer rápido com o estômago vazio.
3º dia – Braga à Ponte de Lima – 42 km:
Para nossa felicidade o dia amanheceu azul, sem nenhuma nuvem e muito menos sinal de chuva. Foi duro acordar, pois o cansaço do dia anterior era grande, saímos novamente tarde, 11h30min. Carimbamos nossos passaportes, tiramos fotos na praça e saímos seguindo as setas amarelas, elas apareceram após 5 km de pedalada na estrada nacional que liga à Ponte de Lima. Ficamos nela por mais uns 10 km e depois saímos por uma estrada secundária, sempre seguindo as setas. O Caminho foi lindo, inesquecível, por toda parte plantações e plantações de uva, a região é rica na produção de vinho. Movidos a Bacalhau – Paramos para almoçar por volta das 14 h, era Copa do Mundo e dia de jogo de Portugal X Polônia, aproveitamos e torcemos juntos com nossos patrícios portugueses, foi festa, Portugal venceu e fizemos um brinde em homenagem, conquistamos todos no restaurante, foi legal! Depois do almoço seguimos em frente, percorremos 1 km e o Sr Olavo teve novamente o pneu furado, o problema continuava. Consertamos e seguimos na torcida de não furar de novo. Depois de muita subida chegamos a uma descida inesquecível, uns 10 km de asfalto liso, muito verde e belas paisagens. O final da descida era a menos de 3 km da cidade de Ponte de Lima. Esperamos bastante até reagrupar todos, pois o Sr Olavo teve por mais duas vezes o pneu furado na descida. Adentramos no Vale do Lima, num agradável percurso, passando também por Seara e Correlhã até ficar maravilhado quando entrar em Ponte de Lima pela Avenida dos Plátamos, junto ao rio. Ponte de Lima é uma cidade linda, as margens do rio que dá nome a cidade é considerada a mais antiga cidade de Portugal.
4º dia
Ponte de Lima-Valença/Tui (43 km)
Nossa terceira etapa de pedalada foi a mais dura do caminho, tanto na irregularidade do terreno por trilhas bastantes técnicas (pior devido aos alforjes) e principalmente pelas fortes subidas e que subidas.
Saindo de ponte de Lima atravessamos a formidável ponte romano-gótica com 25 arcos sobre o rio Lima, no final da ponte a igreja de Santo Antonio da Torre Velha e ao lado uma pequena capela medieval aberta, dedicada ao Anjo da Guarda, onde nos seus sete séculos de existência já viu passar muitos e muitos milhares de peregrinos, como nós.
Além ponte, chegamos a um novo mundo rural. Primeiro a freguesia de Arcozelo, uma vila totalmente agrícola, mas a partir da Labruja a lavoura dá lugar a uma mata recheada de árvores até Portela Pequena. Junto a Cruz dos Franceses, local que assinala o local onde a população emboscou os retardatários do exército de Napoleão, na invasão de 1809 uma pausa para recuperar o fôlego. Depois na Guarda Florestal, é possível abastecer-se em uma bica d’água.
Muitas subidas! E alguns momentos deixaram as setas amarelas de lado à procura de um caminho mais fácil.
Depois de muita subida encontramos um restaurante no início da descida para Valença fica bem na divisa com a Espanha, separada apenas pelo Rio Minho. A parte antiga da cidade é maravilhosa, uma das mais bonitas do caminho. A parte antiga fica dentro de uma fortaleza. Ainda é possível ver os canhões apontados para o lado espanhol, em direção a cidade de Tui.
Neste trecho entramos na bacia do rio Minho pelo Vale do Coura, seu afluente em Caminha. Começamos a descer por Agualonga e Rubiães, que é facilmente identificado pela sua bela igreja românica e um bom lugar para um descanso. Almoçamos no primeiro restaurante que encontramos na beira da estrada, dessa vez não foi bacalhau.
Passado o Coura subimos de novo, mas agora suavemente, ate S. Bento da Porta Aberta, outro local de romaria. Após passar a igreja inicia-se a descida até Fontoura. Em Cedral, passamos pela N13, com um intenso tráfego, mas é o aviso que Valença está a aproximadamente três quilômetros dali. Valença é a última cidade de Portugal. Em Valença há duas opções possíveis. Terminar a jornada, ainda com tempo para visitar o setor antigo da cidade que fica dentro de uma fortaleza. Ou percorrer mais dois quilômetros e atravessar a fronteira pernoitando em Tui no Albergue de peregrinos (atrás da catedral). Em qualquer uma das cidades opções para hospedagem é o que não falta. Optamos por ficar em Valença.
5º dia – Valença a Redondela – 38 km – Tivemos uma baixa:
Saímos de Valença, pedalamos dentro da fortaleza onde tiramos muitas fotos e atravessamos a ponte metálica que une os dois países, atravessando o Rio Minho. (antes de haver a ponte os Peregrinos atravessavam o rio de barco entre o cais do Arinho e o de Lavacuncas, o que ainda pode ser feito). Em Tui visitamos a Catedral da Sé e toda área antiga da cidade. Passamos pelo túnel do Convento das Clarissas, pelas igrejas de Santo Domingo e San Bartolomé.
O caminho a cada dia que passa fica mais bonito, principalmente quando passamos pelo Vale do Louro. Próximo à cidade de Porriños o Hauser se descuidou e levou um tombo na descida do asfalto, fraturando a mão direita. Na hora do tombo tudo pareceu bem, pois o corpo estava quente e ele seguiu pedalando até o Restaurante de um primo de um amigo brasileiro. Lá ele, que é médico nos comunicou que tinha fraturado a mão e que não seguiria mais com nosso grupo. Gentilmente o Salvador, dono do restaurante entrou em contato com a Polícia local que o levou para fazer o curativo no hospital e de lá ele foi encaminhado de ambulância para a cidade de Vigo, distante uns 15 km dali. Ficamos de boca aberta com o atendimento, tanto da polícia quanto do hospital. Combinamos com o Hauser de nos encontrar em Santiago e seguimos nossas pedaladas até Redondela. Em Porriño no remanso da ponte das Febres morreu com a peste há 750 anos o Bispo de Tui, San Telmo, no regresso de uma peregrinação a Santiago.
Em Redondela ficamos hospedados em um albergue de peregrinos, bem no meio da cidade e melhor que muito hotel em que ficamos para um merecido repouso.
6º dia – 13/06 – quinto dia de pedal – Redondela a Caldas de Rei – 45 km:
Nosso objetivo do sexto dia foi à cidade de Caldas de Reis. Saindo de Redondela as setas amarelas nos levam até as ruínas de uma das casas que dava apoio à rota. Seguimos por um caminho lindo, maravilhoso, sempre alternando trilha, estradinhas de terra e asfaltada bem estreitas, bastante comuns por aquelas bandas. Em uma dessas trilhas avistamos em nosso lado esquerdo uma das paisagens mais belas de todo caminho, um local dominante com uma excelente vista do rio Sampaio. Depois de muito sobe e desce chegamos a Árcade local onde se come as melhores ostras da Galícia. Entre Árcade e Pontesampayo deságua o rio Verdugo. Atravessamos a extensa ponte medieval, que foi palco de uma das mais sangrentas batalhas da campanha de 1809, contra as divisões de Napoleão que se dirigiam para Portugal, comandadas pelo Marechal Ney. A batalha foi tão violenta que até hoje a população local põe aos cães os nomes dos generais franceses.
Atravessando a belíssima ponte medieval o caminho segue subindo pela estreita empredada ruazinha que aparece à esquerda, abandonando o núcleo urbano, subimos muito! Cruzando a estrada do cemitério, logo aparece em nossa frente à velha “pontella” de A Ponte Nova. Ela conduz à via Vella da Canicouba, antiqüíssimo caminho empredado. No final da trilha encontramos um grupo de quatro caminhantes de Tenerife, nas Ilhas Canárias. Paramos em Pontevedra, praticamente a metade do caminho desta etapa para almoçar. No que se refere à comida procuramos sempre comer os pratos típicos da região, e como é bom! Em Pontevedra percorremos o centro antigo da cidade onde tem um interessante núcleo histórico com destaque a Capela de Nossa Senhora Peregrina, uma das grandes referências do Caminho Português. Saímos da cidade por um caminho de asfalto bastante calmo, até ele embrenhar-se na mata transformando em uma grande num caminho muito difícil. De início um single-track (trilha) maravilhoso. De repente foram aparecendo pedras e uma pequena corredeira na trilha, muita lama e o pior que não dava para pedalar, além disso, era subida. Empurramos cerca de meia hora no meio dessa mata fechada forrada de espinhos. Ficamos todos arranhados. Em compensação saímos em uma estradinha asfaltada no meio da mata maravilhosa, coisa de outro mundo, só estando lá para ver. E muita descida também. Chegamos cedo dessa vez, às 17 horas, mas o cansaço já atingia praticamente todos do grupo.
Entramos em Caldas de Reis pela igreja de Santa Maria, atravessando a ponte sobre o Rio Umia. É uma cidade de águas termais bastante simpáticas e com diversas opções de hospedagem. O Mauricio não perdeu tempo, foi molhar seus pés para relaxar na água quente da Fonte das Burgas, enquanto o Márcio e Sr. Olavo encontraram uma massagista para relaxar as pernas.
7º e último dia de pedal – Caldas de Reis a Santiago de Compostela- 45 km Chegamos!
A última etapa, talvez tenha sido a mais bonita. Antes de sair enchemos nossas caramanholas em uma das fontes espalhadas pela cidade. Carimbamos os passaportes e seguimos seguindo as setas amarelas deixamos a cidade após atravessar a ponte medieval de Bermaña, um dos locais mais interessantes dessa cidade em pouco menos de 2 km já estávamos num percurso inesquecível, com muita trilha, estradinhas estreitas que mais pareciam um labirinto, tudo isso em meio a muito verde dos bosques do caminho, lindo, lindo lindo! Em alguns momentos estávamos pedalando ao longo do rio Valga. Depois de muita subida, finalmente descemos até Pontecesures, passando pelo rio Ulla, onde diz à lenda que tenha sido por esse rio, um braço do rio de Arosa, que subiu o barco com o corpo de S. Tiago, para aportar em Padrón. Em Padrón paramos para almoçar. Estávamos a 23 km de nosso final. Dirigindo-se para o norte passamos pela Colegiada de Santa Maria de iria de Flávia, sede episcopal antes de sua transferência para Santiago de Compostela. Curiosamente, associam-se a este local os dois maiores expoentes literários galegos – a poetisa Rosalia de Castro e o Nobel Camilo José Cela.
Por estradões e alguns atalhos por trilhas no meio da mata chegamos ao povoado de Angueira de Suso. Um pouco antes mais problemas com a bicicleta de Sr. Olavo, corrente quebreda. Sempre seguindo as setas amarelas, a ansiedade aumentava conforme as indicações nos mostravam a proximidade de Santiago, uma contagem regressiva com os quilômetros, e subidas intermináveis não parava de vir. A 4 km do final, o Sr. Olavo tem a corrente novamente quebrada, parecia um complô dos deuses. Arrumamos rapidinho e seguimos por uma trilha belíssima de onde foi possível de longe avistar a imponente Catedral de Santiago. Adentramos então pela Alameda da Ferradura, onde fica a Porta Faxeira, entrada tradicional do Caminho Português na cidade velha e finalizamos na Praça do Obratório em frente à Catedral.
A Chegada
Hoje, quando o viajante, peregrino ou turista, chega a Compostela e alça a vista diante do Obradoiro, só pode dizer: “Valeu à pena”. Nunca uma frase tão simples pôde dizer tanto. A cidade de Santiago oferece um conjunto monumental inigualável. Seus mosteiros, templos, palácios, ruas antigas e construções populares típicas, unidos ao seu significado espiritual e cultural, merecem a sua inclusão dentro do Patrimônio da Humanidade.
A história de Santiago começa em 25 de julho de 813, quando o bispo de iria, Teodomiro, comprova o descobrimento do sepulcro do Apóstolo Santiago numa aldeia, San Fiz de Solovio, que acabaria transformando-se na cidade de Compostela. A notícia do descobrimento estende-se rapidamente por toda a cristandade, ameaçada pelo perigo das invasões islâmicas. Sobre o sepulcro do Apóstolo constrói-se uma grande basílica e um contínuo fluxo de refluxo de viajantes e peregrinos se estabelece entre Santiago e o resto da Europa. Circula a fé, a cultura o comércio e a política. Santiago de Compostela e o seu Caminho converterem-se na “Raiz e o fundamento de Europa”.
Quatro magníficas praças são abertas diante das quatro portas da basílica. A principal recebeu o nome de Obradoiro por haver abrigado durante quase dez anos, de 1738 a 1747, o “obradoiro” (oficina) onde se lavravam as pedras da fachada barroca, que levantou o arquiteto galego Fernando de Casas Novoa em substituição à primitiva românica. As torres alcançam uma altura de 74 metros. A seu lado conserva-se o Palácio de Xelmírez, construído no século XII, ao mesmo tempo em que a primitiva catedral românica. A residência dos canônicos, no lado oposto, alberga atualmente o Museu Catedralício.
Outros três edifícios, de diversas épocas e estilos fecham a praça. O Colégio de San Xerome, fundado pelo bispo Fonseca, com uma portada românica-ojival. O palácio de Raxoi, de estilo neoclássico do século XVIII, construído para o seminário de confessores, residência de crianças do coro da catedral e casa consistorial da cidade. E o Hospital Real, mandado construir pelos reis católicos para acolher aos peregrinos e doentes, e que é um bonito exemplar do estilo plateresco, pouco freqüente na Galícia, atualmente convertido em Parador de Turismo.
A Praça de Azibecheria é a primeira que encontra o viajante ao entrar em Santiago pelo Caminho Francês. Era conhecido como Porta do paraíso, mas no século XVIII foi substituída pela atual, de estilo neoclássico, e recebeu o nome de Azibecheria. A arte da azevicheria, estreitamente ligada à peregrinação, floreceu em Santiago desde o século XV. Nesta praça estavam as oficinas e os postos de venda.
No lado oposto, a porta do braço meridional do cruzeiro conserva toda a rica iconografia românica da época gloriosa de Compostela. È a porta das Praterias. Ao seu lado alçam-se a Torre do Relógio, ou “Berenguela”, de estilo Barroco, como os demais edifícios que rodeiam esta praça. Detrás da Catedral estende-se a ampla Praça da Quintana. A porta Santa, que se dá a esta praça, só se abre no Ano Santo Compostelano, na festa do Apóstolo, quando 25 de Julho coincidem em um domingo.
Os edifícios, torres e fachadas, que acrescentaram ao longo de séculos, ocultam a grande catedral românica, começada a construir no ano de 1075 por disposição do bispo Diego Pelaez. O Pórtico da Glória, com suas duzentas figuras maravilhosamente entalhadas constitui uma das mais valiosas obras de arte românica universal. A nave principal é um dos modelos de harmonia, sobriedade e grandiosidade. Na do cruzeiro contemplamos um espetáculo insólito; um gigantesco incensário, o “Botafumeiro”, de metro e meio de altura e cinqüenta quilos de peso, oscila de extremo o extremo da nave transversal nas grandes solenidades. A cerimônia é tão antiga como a própria catedral e está descrita no Guia do peregrino de Aymeric Picaud do século XII. Na cabeceira, com esplendida girola na qual se abrem dez capelas absidais, um matizado altar branco rodeia a imagem românica do Apóstolo ao que se dá o ritual abraço. Baixo o altar encontra-se a cripta com a arca, onde se encontra o resto mortal de Santiago.
Antes de percorrer o entranhável e sugestivo entramado do núcleo urbano que rodeia a catedral, com seus monumentos religiosos e civis, recolhemos a “Compostela” ou “Compostelana”, como é falado aqui no Brasil, documento que certifica a peregrinação. Só se concede aos que documentalmente provam sua vinda a Santiago a pé ou a cavalo mais de 100 quilômetros de distância, e mais de 150 km de bicicleta, cós espírito de piedade ou inquietude espiritual. Entrega-se na Casa do Deán nº 1 da Rua do Vilar, edifício barroco que também é lugar de acolhida de peregrinos.
Informações Adicionais
Programe as etapas que irá percorrer. Verifique se os pontos de hospedagens e alimentação.
- Não tenha pressa, vale à pena ir com calma, tirar fotos, apreciar o que o Caminho oferece conhecer as cidades e conversar com seus habitantes.
- O ideal é levar uma parte em euros e outra em cartão de crédito, para evitar riscos. Há muitos bancos ao longo do caminho.
- Existem alguns albergues de peregrinos. Somente no trecho Espanhol, a partir de Tui.
- A maior parte do território português é servida por ferrovias, mas quase sempre, quando não há trem, o trecho de ônibus pode resolver qualquer problema.
- Não desanime diante dos imprevistos. Isto não é uma apenas uma viagem turística, os problemas fazem parte do SEU caminho e muitos outros peregrinos tiveram SEUS próprios problemas e superaram.
- Lembre-se que você é mais um ELO nesta corrente de peregrinos que já caminhavam pelo Caminho de Santiago. Leia, pesquise o Caminho de Santiago para compreendê-lo.
- A melhor época para realizar esta viagem é de Junho à Setembro.